segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

About a Boy - Crítica

Nome: About a Boy
Autor: Nick Hornby
Editora: Penguin Fiction
Páginas: 278
Sinopse: "Will is thirty-six but acts like a teenager. He reads the right magazines, goes to the right clubs and knows which trainers to wear. He's also discovered a great way to score with women - at single parents' groups, full of available (and grateful) mothers, all waiting for Mr Nice Guy. That's where he meets Marcus, the oldest twelve-year-old in the world. Marcus is a bit strange: he listens to Joni Mitchell and Mozart, he looks after his Mum and he's never even owned a pair of trainers. Perhaps if Will can teach Marcus how to be a kid, Marcus can help Will grow up - and they can both start to act their age..."

Foi uma grande confusão para conseguir arranjar este livro. Primeiro pensei que o conseguisse arranjar na Livraria Britânica, mas deram-me como resposta que o livro estava esgotado em Inglaterra. Felizmente, a minha professora de Inglês conseguiu arranjar-me um da FNAC. E, mal o recebi em casa, comecei imediatamente a ler, mesmo por causa do pouco tempo que tinha para começarmos a analisar esta leitura nas aulas de Inglês.

Não percebo muito bem o porquê de o livro estar esgotado em Inglaterra. Não digo que não tenha sido uma leitura agradável, mas senti que não foi nada de especial. O enredo é um pouco pobre e, parece-me, que algumas coisas estão mal explicadas ao longo da história. O ponto alto do livro é mesmo a maneira como o autor se mete na pele de Will e Marcus, duas pessoas completamente diferentes, não só em idade como em mentalidade. Gostei, especialmente, das situações caricatas que o autor arranjava para cada um deles, em cada capítulo. É um excelente livro para rir, para além de que acompanhamos duas evoluções completamente diferentes e muito súbtis que se tornam bastante interessantes.

Para além disto, não gostei muito do facto de a capa ter as personagens do filme. Sinto que fiquei limitada na minha imaginação e isso também não jogou muito a favor do livro. Mas a personagem mais interessante de imaginar foi, sem dúvida, a Ellie - que, ao início, era a minha personagem favorita, mas depois foi-se estragando um pouco (atenção que a culpa não é do autor, há mesmo pessoas assim). Will também não era das minhas personagens favoritas ao início, mesmo pelo facto de ser um mentiroso e fazer tudo e mais alguma coisa para atingir os seus fins - coisa que não aprecio muito. No entanto, mais uma vez, transformou-se numa personagem que comecei a adorar, especialmente por causa do laço forte que mantém com Marcus.

Foi muito mais fácil de ler que o Dracula, sem dúvida alguma. Apesar de estar em Inglês, é muito fácil de perceber o que está lá. Nunca precisei de ir a um dicionário nem de ler em voz alta, como aconteceu com o outro. Um livro agradável, sem dúvida.

Nota: 6 - Agradável

Personagens favoritas: Marcus e Will.

Sara

sábado, 29 de janeiro de 2011

Crítica - Em Busca do Mapa Perdido


Título: Em Busca do Mapa Perdido
Autora: Isabel Ricardo Amaral
Editora: Livros do Brasil
Nº de Páginas: 356
Preço Editor: 17,67€

Sinopse: «Um mapa perdido… Um tesouro há muito esquecido… Um segredo muito bem guardado… À espera de ser desvendado… Embarca numa viagem alucinante, que te vai lançar numa vertiginosa e empolgante caça ao tesouro… Uma trilogia recheada de mistério e suspense que te vai arrebatar do princípio ao fim… Após os 700 anos da extinção dos Templários, eis que surge uma nova esperança...»


Estamos perante uma leitura que eu já tinha perdido a expectativa de realizar. Este livro, que se aproxima do formato de aventura juvenil, e que está destinado para uma faixa etária entre os 10 e os 14 anos, estava na minha Estante já há três anos, quando mo tinham oferecido num aniversário. Como no entretanto não tinha calhado eu o ler, e o tipo de leituras que gostava ultrapassou a idade para que este estava pensado, pensei que não o leria daqui por diante. Mas o acaso fez com que, a propósito da disciplina de Área de Projecto, convidasse a autora a vir à minha escola. E, para me preparar para a entrevistar, resolvi ler o «Em Busca do Mapa Perdido». Está, pois, explicado o contexto desta minha leitura.

Tendo em conta que é um livro infanto-juvenil, há que entender que a minha crítica vai ser influenciada inevitavelmente pelos requisitos automáticos que a minha faceta de leitor pede. E eu não lia um livro de aventuras juvenil há já mais de três anos. Deste ponto de vista, foi um regresso agradável e interessante a este tipo de literatura, que é tão ou mais importante que qualquer outro, por ter muitas vezes a árdua tarefa de conquistar públicos mais difíceis a gostar de ler.

O livro não se enquadra num género de história específico, e demorei um pouco a aperceber-me disso. Enquanto que as primeiras sessenta páginas são romance histórico, depois as história envereda por dois novos caminhos paralelos: mistério e investigação criminal, por parte de uma quadrilha perigosa que busca o tesouro dos templários; e drama e vivência familiar, por parte de uma mãe que vai de férias com dois filhos e um amigo.

Esta linha de história da família e dos jovens foi a que mais me agradou. A certo ponto eles têm de lidar com uma rapariga que é maltratada pela própria família, e a autora lidou com a questão de uma maneira interessante. Principalmente até metade do livro, este foco de acção está particularmente bem explorado, e a leitura é daquelas em que damos por nós a virar as páginas a um ritmo frenético. O discurso, sendo simples, não pede uma atenção particularmente grande, por isso avançamos rapidamente sem nos apercebermos.

Apesar da sensação agradável que foi ir avançando na leitura, sem momentos aborrecidos, devo confessar que a segunda metade deixou um pouco a desejar, principalmente em termos de realismo. Os jovens de 14 e 15 anos que desempenham o protagonismo do livro agem como se fossem muito mais velhos; pelo invés, os bandidos que também estão envolvidos parecem mais crianças que os próprios jovens.

A edição da Livros do Brasil, em termos de revisão de texto, mostrou-se um pouco pobre. Falhas em termos de vírgulas notaram-se principalmente no primeiro terço do livro. Mas como se trata de uma 1ª edição, não é assim tão grave.

Notou-se muito a preocupação de Isabel Ricardo Amaral em ensinar a história, as particularidades de cada terra, as curiosidades em relação a este e àquele ponto. Gostei deste esforço por cativar os jovens para o interesse da História nacional. As cenas referentes ao Castelo de Santa Maria da Feira, na minha opinião, foram talvez o ponto menos conseguido do livro, por se terem revelado demasiado cheias de pormenores na estrutura da planta do castelo. Foi, no entanto, uma leitura agradável, que li incrivelmente rápido, e que me divertiu e entreteu durante a semana que passou. A única coisa é que a li meio fora de tempo: devia tê-lo feito há 2 ou 3 anos... Estou entusiasmado para partir para a discussão da obra com a autora!

Personagens Preferidas: Sara.

Nota (0/10): 6 - Agradável.

Tiago

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Livros Pesados...


Qual o maior livro, mais volumoso e pesado, que leste até hoje? Leste-o por obrigação? Por prazer? Para a escola?

O maior livro que já li na minha vida foi Os Miseráveis, de Victor Hugo. A leitura durou todo o meu Verão de 2010, contando ainda com o final da Primavera e o princípio do Outono. Com 1088 páginas na edição que li, com margens minúsculas e letra a condizer, e pesando 1 Kg e 200 gramas, foi a leitura mais extensa que já tive oportunidade de experimentar. Fi-lo por iniciativa própria, e por prazer; mentiria, no entanto, se dissesse que me senti entusiasmado ao longo de cada página. Existem momentos pouco entusiasmantes, como relatos históricos demasiado detalhados e dotados de pouco interesse. Apesar disso foi uma leitura marcante, cuja crítica podem ler aqui.

Entre outros livros lidos também eles grandes, estão Os Pilares da Terra (Ken Follet), Crónica do Pássaro de Corda (Haruki Murakami) e Os Maias (Eça de Queirós). Na pilha dos por ler, destaca-se A Queda dos Gigantes (Ken Follet), com as suas mais de 900 páginas.

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Decidi tomar o exemplo de uma série de outros blogs portugueses, que passaram desde há duas semanas a seguir o incentivo deste blog - Booking Through Thursdays. Trata-se de um local da internet que sugere, a cada quinta feira, uma pergunta sobre livros que serve de mote para um post sobre o tema. Responderei às perguntas sempre que estas me entusiasmarem.

Tiago

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Crítica - About a Boy


Título: About a Boy
Autor: Nick Hornby
Editora: Penguin Books
Nº de Páginas: 278
Preço Editor: 11,05€

Sinopse: Will is thirty-six but acts like a teenager. He reads the right magazines, goes to the right clubs and knows which trainers to wear. He's also discovered a great way to score with women - at single parents' groups, full of available (and grateful) mothers, all waiting for Mr Nice Guy. That's where he meets Marcus, the oldest twelve-year-old in the world. Marcus is a bit strange: he listens to Joni Mitchell and Mozart, he looks after his Mum and he's never even owned a pair of trainers. Perhaps if Will can teach Marcus how to be a kid, Marcus can help Will grow up - and they can both start to act their age...


Parti para esta leitura com o ânimo regulado num valor médio. Tinha-o adquirido no princípio do ano lectivo, e na altura alimentava boas expectativas. O tempo foi passando, e a vontade decrescendo. Agora que o termino, acho que lhe peguei numa boa altura, antes que chegasse a um estado em que provavelmente não lhe pegaria. E, agora que percorri cada linha de cada página, posso dizer que me surpreendi pela positiva com este About a Boy, de Nick Hornby.

Não é uma obra-prima da literatura, muito longe de o querer ser, nem é um livro com uma história interessante e bem construída. O enredo é aliás pouco linear, e vai vagueando pelo dia-a-dia de, essencialmente, duas personagens. E, na minha opinião, o ponto forte deste livro trata-se exactamente disso: personagens! Temos o Marcus e o Will. O primeiro tem 12 anos, e o segundo 36 - mas as circunstâncias da vida levaram-nos a encontrarem-se e a desenvolverem uma amizade muito estranha e particular. Com capítulos que são narrados alternadamente ora por um, ora pelo outro, vamos acompanhando a linha da história.

A construção das personagens está muito bem conseguida. Nick Hornby criou duas mentalidades completamente diferentes, que parecem ter encaixado nos corpos errados. E retrata esses pensamentos de uma maneira muito divertida e real - ao lermos um capítulo de Marcus, entramos dentro do seu ponto de vista, dentro da sua cabeça e maneira de pensar; e o mesmo acontece com Will. Esta diferenciação de escrita entre um e outro foi uma surpresa.

Depois, é um livro leve e pesado ao mesmo tempo. Abordando alguns temas mais negros (suicídio, drogas, bullying, divórcio, etc...), fá-lo de uma maneira divertida, e que me chegou a fazer rir em muitas ocasiões - facto de que muito poucos livros se podem orgulhar... fazer-me rir!

De resto, a sensação que fica é a de que assisti a um daqueles filmes que passam aos fins-de-semana à tarde na televisão - não tivesse esta obra uma adaptação cinematográfica, que fiquei com curiosidade em ver. E sigo com a minha comparação: li o livro, foi agradável e divertido, entreteu-me, gostei de alguns temas que abordou e da forma como escolheu fazê-lo; mas por outro lado fica uma sensação de que, no fundo, tudo ficou um pouco superficial, a obra não atingiu aquilo que podia ter atingido, o livro não me vai ficar marcado por muito tempo.

Uma leitura descontraída, divertida, interessante, numa escrita original e criativa que me cativou, e constantemente me motivava a prosseguir. À excepcção de alguns capítulos mais parados e umas partes da história que não me tocaram tanto, encontrei em About a Boy um livro que a todos aconselho como leitura relaxante. Sem ser fútil.

Personagens Preferidas: Will, e Ellie.

Nota: 7/10 - Bom

Tiago

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Leitura Sincronizada

Os visitantes do Lydo e Opinado devem ter-se apercebido que tanto eu como a Sara estamos a ler o mesmo livro ao mesmo tempo. A situação, não sendo de todo comum, torna-se ainda mais estranho visto ser uma obra publicada em 1998, que estamos a ler na língua original (inglês), e que foi necessário encomendar de Inglaterra por não estar disponível por cá.

Tem uma explicação fácil: nenhum de nós tinha ouvido falar deste livro, mas para a disciplina de Inglês no 12º ano (específica no curso de Línguas e Humanidades) é recomendada esta leitura para posterior análise em sala de aula. É, portanto, obrigatório. Nenhum de nós se sentia verdadeiramente no momento certo para iniciar esta leitura (eu próprio me punha a questão se alguma vez teria vontade de o ler, visto não fazer bem o meu género), mas teve de ser...

A verdade é que eu vou na página 120, a Sara perto da 90, e é interessante esta experiência de irmos comentando a história quase em tempo real. Curiosamente, neste espaço de páginas ainda pouco representativo do livro no todo, já temos algumas opiniões completamente opostas - enquanto eu adoro a personagem Will, a Sara acha-o extremamente irritante.

Para já ambos estamos a gostar da história, achamo-la divertida, e a Sara ressalta a capacidade do autor de tratar assuntos sérios com algum humor. Acho que são extremamente bem conseguidos os saltos entre as personagens. E vamos ver o que esta leitura nos irá trazer...

Tiago

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Escritos Secretos - Crítica

Nome: Escritos Secretos
Autor: Sebastian Barry
Editora: Bertrand Editora
Tradução: Patrícia Xavier
Páginas: 300
Sinopse: "Roseanne McNulty tem perto de cem anos e é a doente mais antiga do hospital de saúde mental de Roscommon. O doutor Grene, o psiquiatra encarregado da avaliação dos pacientes, sente-se intrigado pela história daquela mulher, que passou os últimos sessenta anos da sua vida em instituições psiquiátricas. Enquanto o médico investiga, Roseanne faz uma retrospectiva das suas tragédias e paixões, que vai registando no seu diário secreto, desde a turbulenta infância até ao casamento que lhe prometia a felicidade. Quando o doutor Grene desvenda por fim as circunstâncias da sua chegada ao hospital, é conduzido até um segredo chocante."


Peguei neste romance com muita vontade, pois queria ler algo real. E foi com a realidade que me deparei: crua e nua. A história de Roseanne é algo que, ao início, não parece ter grande interesse mas que, com o tempo, começa a encher-se de mágoa, tudo porque é presbiteriana. Nesta obra encontramos uma Irlanda em guerra e cheia de preconceito, já para não falar de morte e perigo. É neste ambiente atribulado que Roseanne vive toda a sua vida, incluíndo os anos que passa nos vários hospitais psiquiátricos. Não conhecendo nada mais para além daquilo e idolatrando o seu querido pai que sofreu uma morte horrenda, a rapariga mais bonita de Sligo tenta seguir com a sua vida em frente. E, tal como toda a gente, apaixona-se. Mas é aí que os seus verdadeiros problemas começam.

Cheguei a partes em que me apetecia esbufetar certas personagens do livro, ou até mesmo abanar Roseanne, para que ela não se deixasse submeter ao tratamento que lhe deram. No entanto, ela revela-se forte e capaz de ultrapassar tudo sozinha. É uma daquelas mulheres que nós, do mesmo sexo, somos bem capazes de idolatrar.

No meio de toda a sua história, apenas uma coisa sobrevive. E é com esse segredo que o doutor Grene se vai deparar, no fim. Pois, o fim deste livro é bem capaz de ser a melhor parte de toda a obra. Passamos a leitura toda à espera do segredo terrível e, quando finalmente o descobrimos, damo-nos conta que estávamos à espera de tudo, menos daquilo.

Não diria que Sebastian Barry escreve «como um anjo», como é referido pela Sunday Telegraph, mas há que reconhecer que a sua escrita é melodiosa e as suas comparações são deliciosas. Este é um bom romance, apesar do seu lado mais sombrio.


Personagens favoritas: Roseanne Clear, Joe Clear, Jack McNulty, Eneas McNulty, Tom O Velho, Tom McNulty, Doutor Grene, Bet.

Nota: 7 - Bom

Sara

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Crítica - Uma Viagem à Índia


Título: Uma Viagem à Índia
Autor: Gonçalo M. Tavares
Editora: Editorial Caminho
Nº de Páginas: 456
Preço Editor: 25€

Sinopse: «Este livro é a narrativa da viagem de Bloom - um homem que tenta aprender e esquecer no mesmo movimento, traçando um itinerário de uma certa melancolia contemporânea.»

(100ª Crítica do Lydo e Opinado!)

Partamos do mais óbvio, tal como Bloom partiu de Lisboa. A forma de «Uma Viagem à Índia» recorda-nos uma outra viagem à Índia, uma a que poucos portugueses terão escapado ao longo da sua educação e formação cívica - Os Lusíadas. É que tal como a epopeia de alguns séculos atrás, esta nova também traz o mesmo número de Cantos, e o mesmo número de estrofes. Desengane-se quem pense que Gonçalo M. Tavares se colou por completo, pois isso também não aconteceu - o número de versos por estrofe tem grandes variações, assim como as sílabas métricas de que são compostos. Nestes pontos Tavares deu a si próprio liberdade.

As turbinas do nosso avião começaram a ligar-se, tal como as do que Bloom apanhou para Londres também. Mas atenção, ainda podem comprar bilhete aqueles que não estavam cá há cinco minutos. Para aqueles que torceram o nariz perante as palavras «estrofe», «verso», e, de forma subentendida, «poesia», podem estar descansados. Não se trata de poesia, e sim de... prosa quebrada. Imaginem um romance ao qual foi dada uma formatação estranha, introduzidos parágrafos ao acaso, e toma forma de poema. Não é a forma que define o conteúdo, mas isto sou eu que digo. E ao estilo que mistura poesia e prosa dá-se o nome de epopeia. Assim são os Lusíadas, e assim é esta que é chamada a primeira epopeia portuguesa do século XXI.

O avião levanta voo, sobrevoando terra em mar neste começo de viagem, em que Bloom quer esquecer por um lado, e procurar a sabedoria pelo outro. Nesta viagem à Índia, também cada um de nós é passageiro. Estamos perante a presença de um narrador que achei divertido e com sentido de humor, e um anti-herói chamado Bloom. Vamos descobrindo aos poucos a sua história, vai-nos sendo relatada aos poucos a sua viagem... e o enredo está pejado de paralelismos com Os Lusíadas. Só que esta é passada em 1498, e a outra no ano de 2003. E onde numa existem ninfas da Ilha dos Amores, na outra existem prostitutas num bosque das imediações de Paris.

Chegamos a Londres. Partamos para Paris. Temos de chegar à Índia, mas pelo caminho temos de percorrer muito caminho, porque muita da importância deste nosso acto passa pelo itinerário, e não exclusivamente pela chegada. Estamos perante um leque de personagens profundamente intelectuais. Por mais que o neguem, ou não. A linguagem, sempre funcionando com os jogos de lógica, os trocadilhos mentais, as questões metafísicas aplicadas a uma realidade que nos é conhecida, mexem com o leitor. Assim como as metáforas escolhidas por Gonçalo M. Tavares. Existem imagens/pensamentos/ideias que não serão apagados com facilidade da minha cabeça.

Paremos em Paris só para um cafezinho, que temos outros aviões para apanhar. A Índia, terra de sabedoria na qual finalmente nos encontraremos connosco próprios, espera-nos com ansiedade. Sejamos rápidos nestas considerações, que um ritmo frenético bate dentro de nós, a felicidade chama-nos ao longe. «Uma Viagem à Índia» trata-se de literatura portuguesa, da muito boa. Que o diga a crítica nacional, que tanto tem aclamado esta epopeia. Eu, que só conhecia Gonçalo M. Tavares do imaginário d' O Bairro, espantei-me a sério com esta obra que, meio por intuição, adquiri e logo li.

De cariz pessimista mas num tom que foge a este sentimento, com uma intelectualidade de discurso por vezes excessiva, noutros pontos certeira, uma profundidade de pensamentos que ultrapassa em muito o banal que existe num livro, «Uma Viagem à Índia» não é só uma viagem à Índia, é uma viagem a dentro de nós próprios, leitores, que nos aventuramos naquelas páginas e meio embasbacados terminamos a leitura. Que bom é existem autores portugueses que sabem arriscar bem. Pousemos, pois, os nossos pés em solo indiano.

Personagens Preferidas: Bloom. Pela sua inegável humanidade, sendo inegavelmente personagem.

Nota: 9 - Excelente.

Tiago

domingo, 9 de janeiro de 2011

Alterações na equipa do Lydo


Como provalvemente têm vindo a reparar, um dos membros da equipa do blog Lydo e Opinado tem estado ausente pelos últimos meses. Na verdade, passou já mais de meio ano desde o seu último post, mas mesmo antes desta situação a sua participação era já diminuta. Falamos, claro,d a Patrícia.

Está tudo bem com ela, não se preocupem porque não é por aí! A verdade é que o seu empenho para com a escola, a sua falta de tempo a vários níveis, e o seu envolvimento noutros projectos ainda em construção, não lhe permitem continuar a ler a um ritmo regular e, segundo as suas palavras, muito menos a participar no Lydo.

Visto que esta situação não é algo temporário, pois está previsto durar por muito mais tempo, a própria Patrícia sugeriu a sua saída da equipa do blog. E tanto eu e a Sara aceitamos este "pedido de demissão", visto que já não era a primeira vez que entre nós este assunto vinha cimo. Assim, continuam as críticas da Patrícia nos nossos arquivos do blog, para consulta de todos, mas deixaremos de contar com ela na nossa equipa.

O Lydo e Opinado agradece à Patrícia todo o seu contributo ao longo destes dois anos e meio, principalmente pelo facto de se tratar de uma membro fundadora (ao contrário da Sara, por exemplo, que entrou apenas há um ano e meio). Obrigado, e boa sorte nos teus futuros projectos! Podem deixar as vossas mensagens em forma de comentário, que a Patrícia as lerá.

Para já não está nos nossos planos acrecentarmos uma nova pessoa para substituir a participação da Patrícia. Mas o tempo o dirá.

Tiago

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Análise das leituras de 2010 da Sara


Lembro-me de ter começado o ano de 2010 muitíssimo bem com Nómada a receber um 10 e uma vontade enorme de ler tudo o que me aparecia à frente. Estava ainda há pouco tempo no Lydo e Opinado e lamentava a minha lista pequena de livros que tinha lido em 2009. Por isso, queria começar em 2010 a demonstrar, rapidamente, a minha vontade de crescer e o meu enriquecimento. Uma coisa é certa: 2010 foi um ano muito mais positivo do que 2009. Para além de ter lido mais livros, dei notas fantásticas - ou seja, gostei mesmo daquilo que li. Para ajudar à festa, fui pela primeira vez à famosa Feira do Livro de Lisboa e comprei imensos livros que há muito tempo andava a cobiçar. Este ano, para além de ter lido muito, também comprei muito. Não tenho dedos para contar os livros que tenho ali à minha espera de serem lidos, sem contar com aqueles que o Tiago me costuma emprestar.

Passemos então às estatísticas. Este ano li cerca de 7751 páginas (mais 2495 páginas que o ano passado), tendo uma média de 21 páginas por dia. Li 19 livros e consegui concretizar todos os meus objectivos! Deixei de ler dois livros ao mesmo tempo - o que se revelou bastante produtivo - e consegui ultrapassar o número de livros que tinha programado para o ano de 2010. A minha estação favorita para ler? Sem dúvida, o Verão.

Não vou fazer um TOP 10 como o Tiago, porque é muito difícil escolher os melhores livros que li este ano. No entanto, os que me marcaram mais foram, sem dúvida, Nómada, A Glória dos Traidores, Perfume, A Crónica do Pássaro de Corda, Drácula O Morto Vivo e a Trilogia Sevenwaters. Não desgostei dos restantes, até porque alguns têm notas muito boas ou melhores que estes que apontei aqui; mas estas foram, sem dúvida, obras marcantes.

Objectivos para 2011: Ler menos livros do Tiago, visto que tenho tantos meus ali à espera (no entanto, acho que este objectivo não vai ser cumprido) e chegar aos 20 livros, se for possível.


Sara

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Análise de 2010 em Leituras (Tiago)


Mais um ano que passou. No meu caso, não particularmente maravilhoso em termos de leituras. Isto é, embora tenha sido um ano positivo, com leituras agradáveis; e embora não tenha tido nenhum livro que me enervasse tanto que o tivesse de parar a meio, como o Brisingr em 2009... não houve assim grandes obras que me ficassem para sempre marcadas. Se de 2008 recordo com saudade a grande leitura do ano Os Pilares da Terra, e de 2009 a igualmente (e ao mesmo tempo diferente) avassaladora experiência com Crónica do Pássaro de Corda, não houve nenhum livro que este ano tivesse marcado pela diferença. Houveram, sim, livros excelentes e muito bons. Os quais passo a nomear no meu TOP 10 de 2011. Peço-vos uma coisa antes: que aceitem a minha junção dos dois livros no topo como um só - O Festim dos Corvos e o Mar de Ferro, que nas suas versões originais são um só livro, e que quis juntar também como um só neste TOP.

  • 1º Lugar: O Festim dos Corvos/ O Mar de Ferro - George R. R. Martin; Entre os fãs do autor de fantasia americano, este 4º volume da saga (7º e 8º com as divisões portuguesas) era o mais fraco de toda a série. Não achei. De longe. As Crónicas de Gelo e Fogo, nestes dois livros, sugaram-me por completo, e fizeram-me experienciar aquilo que um leitor deve de sentir várias vezes na sua vida. Puxar pelas personagens, viver intensamente com elas, agarrar-se a um mundo e quase acreditar nele, porque tudo ali nos parece tão próximo, e conhemos tão bem a rainha como o mais miserável. Uma teia complexa que agarra e não larga, e ainda bem, porque senão caía desamparado no cinzento da realidade. Melhores leituras do ano!
  • 2º Lugar: After Dark (Os Passageiros da Noite) - Haruki Murakami; De certeza que a minha experiência de leitura que decidi levar adiante com este livro influenciou o meu gosto por ele, mas isto sem lhe tirar qualquer mérito próprio. Ler numa só noite um romance passado numa só noite, um romance do nosso autor favorito, que vive a noite e a analisa à luz da profundidade das personagens mais estranhas que se podem juntar, foi emocionante. Um relato que nos leva a meditar sobre o sentido da nossa vida no meio de um mundo tão grande. Mesmo quando dormimos há à nossa volta muita gente acordado, e há um universo nocturno que nunca pára. Excelente, a reler, e aconselho a todos esta experiência de ler de uma vez, numa noite. É pequeno o suficiente para fazer isso.
  • 3º Lugar: Em Busca do Carneiro Selvagem - Haruki Murakami; Alguns de vocês podem pensar que os dados estão viciados no meu sistema mental. Ora, pelo segundo ano consecutivo, Murakami tem dois livros no TOP 3? É tão simples como isto. Eu peguei neste livro, comecei a lê-lo, estava sol lá fora, fui dar uma volta a pé, e ia lendo, depois sentei-me e lia, e não conseguia parar de ler. Por mim o narrador podia ter demorado mais uns meses a sua busca pelo carneiro (e com isto não digo que o encontrou... ou que não o encontrou... ou que o encontrou...), porque eu passava bem mais uns meses metido naquele livro. Não sei explicar, mas é por livros destes que Murakami é o meu escritor favorito.
  • 4º Lugar: Sonho Febril - George R. R. Martin; Novamente, os leitores do blog devem estar a suspirar e a dizer 'Este Tiago é um chato. Já vai no 4º lugar e ainda não saiu de Haruki Murakami e George Martin'. Mas provavelmente só dirá isto quem não leu estes autores. Sonho Febril foi uma leitura que aguardava com alguma ansiedade, e que correspondeu as grandes expectativas que tinha, se não as superou. Todo o imaginário criado pelas navegações do Rio Mississipi, a sua relação com um Terror credível e fantástico, a personagem principal que entrou para a galeria das preferidas de sempre, e as sensações que passaram para fora das páginas. A sério, fiquei fã do Mississipi, tenho de ir lá um dia. E ler Mark Twain, também. Fabuloso, este febril sonho, os fãs do fantástico não podem passar sem o ler!
  • 5º Lugar: O Evangelho do Enforcado - David Soares; A melhor leitura que tive de um autor português este ano. O romance histórico/ fantasia /terror passado na Lisboa Medieval, com todo um pano negro envolvendo os cenários, as personagens, as texturas das ruas e os cheiros fétidos... não sabia que se escrevia fantasia a um nível tão avançado em Portugal. Detalhes meticulosos, pesquisa louvável, um sentido mórbido que não serve para o estômago de qualquer leitor, e uma re-invenção/interpretação histórica muito interessante, que deixam questões no ar. David Soares surpreendeu-me com força, abanou-me os ombros, e proporcionou-me uma leitura excelente.
  • 6º Lugar: O Passado que Seremos - Inês Botelho; Outra grande surpresa portuguesa foi o romance de Inês Botelho. O que me ficou marcado não foi a história retratada ao longo das páginas, até porque não era essa a intenção da autora ao escrever o livro. Foi a enorme sensibilidade no uso da palavra, a apropriação da língua portuguesa para usos novos e criativos, as sensações que passavam, o uso dos jogos temporais, numa escrita envolvente, muito curiosa, e que para mim resultou muito bem. Adorei ler este Passado que Seremos, e um pouco deste livro vai continuar sempre comigo, talvez na forma de pensar nas potencialidades tão grandes que a nossa língua tem.
  • 7º Lugar: Memorial do Convento - José Saramago; Agora que reparo, que bom é ver três autores portugueses seguidos uns dos outros no TOP. Este romance, que no princípio da sua leitura me recordava vagamente as imagens que tinha lido no Evangelho do Enforcado, evoluiu depois noutras direcções, curiosamente também do fantástico. Marcado pela ironia e pela típica escrita, e também pela forma como as palavras vão entusiasmando o leitor a continuar a leitura, fiquei cativado com este memorial do convento que me surpreendeu pela positiva em relação ao que esperava. Neste momento devem estar Blimunda e Baltasar contentes com este 7º lugar no TOP... espero eu.
  • 8º Lugar: Os Miseráveis - Victor Hugo; A leitura do ano em termos de grandiosidade. Atirei-me para este clássico de cabeça, convencido de que era a altura de o ler. Mas não estava à espera de 1100 páginas de letra minúscula e margens ainda mais pequenas fosse um caminho tão difícil de percorrer. Depois de quatro meses (no primeiro dos quais houve a peripécia de ter percebido - a tempo! - que estava a ler uma versão que cortava partes) de esforço e dedicação, cheguei ao fim com a sensação de que tinha valido tanto a pena. Exceptuando os longos capítulos em que ao autor apetecia divagar sobre a história ou outros temas de não-ficção, o romance era poderoso, um clássico inegável, e uma tragédia emocionante. A ler, pelos que não tenham problemas com tantas letras.
  • 9º Lugar: As Duas Torres - J. R. R. Tolkien; Que bom foi finalmente ter respirado de alívio e ter pensado que afinal gostava da trilogia que a esmagadora maioria dos críticos dizem ser a mais importante na história da fantasia. Depois de um primeiro volume que pouco me tinha impressionado, este segundo achei-o com mais fôlego, mais energia, e de uma leitura mais interessante e rica. Se o terceiro se mantiver assim, valeu muito a pena ler a trilogia que mudou a fantasia!
  • 10º Lugar: Pinball, 1973 - Haruki Murakami; Voltem lá à imagem de cima dos livros no TOP e confirmem que um pequeno livro azul está no fundo do monte. E agora fiquem também sabendo que esta pequena novela foi o livro que me saiu mais caro (de longe) de todos os que figuram na minha estante - isto porque o encomendei do Japão, e os portes de envio acabaram por pregar-me uma surpresa. Esta leitura, mais próxima da língua original uma tradução, foi rápida e agradável. O livro por si só dificilmente traz fãs a Murakami, mas a quem já é seu leitor é uma experiência interessante e que eu voltava a repetir. Surreal!

Feito o TOP, sigamos para a parte das Estatísticas, que eu tanto gosto de fazer. Este ano li menos que o ano passado, tanto em livros como em páginas. Li 7131 páginas, num total de 24 livros. (Em 2009, 8800 páginas em 27 livros). Cada livro que li tinha em média 297 páginas - mas os extremos foram Aviso por Causa da Moral e Outros Textos, com 53, e Os Miseráveis, com 1088.

Em média li 20 páginas por dia, o que em comparação com o ano passado é uma mudança de menos 4. A estação do ano em que li mais foi o Inverno (37% das leituras), seguido do Verão, seguido do Outono, seguido da Primavera. Isto foi tal qual o ano passado! Parece que tenho mesmo estações preferidas do ano para ler. na primeira metade do ano li 57% do total, e na segunda 43%. Um bocadinho desiquilibrado, mas já esperava.

Em termos de qualidade, a minha média das notas que dou aos livros aqui no Lydo ficou-se pelos 7,79. Para mim, uma média que às décimas não chegue a 8 não chega para classificar um ano de muito bom. Embora arrendado da maneira tradicional chegue lá. E é certo que 1/3 dos livros tiveram 9 ou mais. Mas só 1 teve a nota máxima, e isso é triste, comparando com os 4 10's que dei o ano passado. Isto para dizer que esperava um pouco mais em termos de qualidade geral.

Falando de autores! David Soares foi a grande revelação do ano. Tinha ouvido falar pouco do autor, os seus livros não me cativavam, e agora estão todos na minha lista dos por ler. Porque o Evangelho do Enforcado foi mesmo bom. Haruki Murakami, por sua vez, foi o autor de que li mais livros, com 5, e mantém-se no primeiro lugar na minha lista de preferência dos autores. Não é por ter lido 5 dele este ano que é o meu autor preferido, e sim por ser o autor preferido é que li 5 este ano.

Em relação aos meus objectivos do ano passado, que eram quatro, só não cumpri um: Chegar às 10.000 páginas - Não consegui. 33% dos livros serem de autores de língua portuguesa - Consegui e ultrapassei! Consegui chegar aos 45% neste parâmetro, o que muito me agradou. Não só com os portugueses, mas com os africanos que também experimentei. Existem muito bons escritores na nossa língua.

Objectivos para 2011: Ler 8.000 páginas; experimentar autores novos; 33% dos livros de autores de língua portuguesa; manter a minha participação activa no Lydo e Opinado e no Murakami PT.

E é isto. Em baixo podem ver a fotografia dos livros lidos este ano. Mais pequena que no ano passado, sim... que podem ver carregando aqui. Um bom ano 2011 de leituras para todos os visitantes do Lydo!

Tiago

domingo, 2 de janeiro de 2011

Crítica - Memorial do Convento


Título: Memorial do Convento
Autor: José Saramago
Editora: Caminho
Nº de Páginas: 493
Preço Editor: 16,66€

Sinopse: Era uma vez um rei que fez promessa de levantar convento em Mafra. Era uma vez a gente que construiu esse convento. Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido.


Parti para a leitura do Memorial do Convento sem ter bem a noção do que iria encontrar pela frente, meio que conduzido por aquilo que a escola me dizia, Leitura obrigatória no 12º ano de escolaridade, e pelo que a professora de português disse, Leiam o Memorial nas férias de Verão, ora poucos dias depois de ela ter dito isto morreu José Saramago e a notícia correu Portugal e o Mundo, porque o autor em questão era um Nobel da Literatura. Há coincidências que nos atingem com força, não as há, mas comigo não me atingiu de maneira especial, é que ainda não o tinha lido, e quando morre um autor que nunca se leu, a pena não é desmedida. A minha não foi.

Não o li nas férias do verão porque não me apeteceu. Foi adquirido, estava para lá na estante, mas quando olhava para ele só dizia, Ainda não, e ele ficava lá à espera. Até que agora em Dezembro me chamou com a sua capa amarela com rectângulos castanhos, capa de cartão cuja textura tanto me fascinava, mas não passava disso, Vamos lá ver como é que a leitura vai ser, e comecei a ler.

O estilo de escrita não foi difícil de habituar, parecia até mais simples e natural que aquele dito convencional, porque na verdade quando se fala e quando se ouve não estão lá os travessões antes das nossas falas, e quando se conta uma história também não dizemos, E ele disse travessão cá estás tu, isto por exemplo. Não fazia falta e só desviaria a atenção.

O Memorial conquistou-me. Estava à espera de um romance histórico enfadonho sobre a construção do Convento de Mafra, e o que encontrei foi uma inesperada e bem-vinda dose de fantasia aliada à história, com momentos sobrenaturais e claramente fantásticos a adornarem o enredo de forma bem sucedida, Olha, não estava à espera. Encontrei personagens que me surpreendiam pela sua dicotomia entre simplicidade e profundindade, como todos somos, aliás, simples e profundos, cada um de nós.

Na memória permanecerão as imagens de uma Lisboa que de um lado era tão rica e do outro tão decandente, e também a constante ironia que parece aceitar um Deus que não é o convencional, e também uma revolta social presente em cada página, e uma descrição dos ambientes que me fez recordar a leitura do Evangelho do Enforcado, de David Soares, dois romances que poderiam ser irmãos, não tivessem entre si talvez mais diferenças do que semelhanças; e um toque de humor divertido que de vez em quando dava para sorrir, e uma energia que cativava a continuar a ler, e no fundo o reconhecimento pelo trabalho do único Nobel português da nossa história.

Mais do que a história do convento, muito para lá disso e muito aquém disso, está o Memorial do Convento, com a sua teia complexa e simples, as suas personagens profundas e banais, o seu toque certeiro na crítica social. E uma beleza incontornável nas palavras.

Personagens Preferidas: Padre Bartolomeu Lourenço, Blimunda Sete-Luas e Baltasar Sete-Sóis.

Nota: 9/10

Tiago
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