terça-feira, 26 de julho de 2011

Necromancia - Crítica

Nome: Necromancia
Autor: Frederico Duarte
Editora: Metaphora
Páginas: 381

Sinopse: “No lugar onde a vida e morte se fundem: onde a Terra deixou raízes e granjeou sementes; onde a magia dita a realidade; onde a matéria se prolonga no plano espiritual; onde o equilíbrio nasce da instabilidade do quatro elementos da Natureza; onde criaturas fabulosas, espécies híbridas e seres humanos se digladiam pelo domínio supremo; onde um Avatar fará a diferença… O universo conhecerá o seu fatal destino. A realidade sob o grilhão da fantasia!”


Depois de Avatar, estamos à espera que este volume do Destino do Universo seja leve e fácil de digerir como o primeiro livro. Estamos habituados àquele tom de brincadeira entre as personagens e queremos conhecer mais um pouco de Nova. Ao olharmos para a capa, algo nos diz que as coisas vão mudar. Pois preparem-se, as coisas mudam mesmo.

Com mais anos de experiência, a escrita de Frederico muda e fica muito mais madura. O que já antes era fácil de ler, agora é mesmo fluente e acompanha-nos como se fosse uma canção na nossa língua. Sem floreados nem nada dessa espécie, é cativante e ajuda-nos a passar as páginas com uma rapidez moderada. O tal tom de brincadeira quase que desaparece, pois neste livro deparamo-nos com uma situação negra: o Universo está a ser ameaçado e pode cair nas garras do mal a qualquer momento. As suas forças estão espalhadas e são poucos aqueles que sabem como o destruir.

Passamos o livro todo neste clima de guerra, de batalha. Mas não é por isso que se torna aborrecido. Muito pelo contrário, penso que Frederico Duarte soube explorar bem as cenas de batalha e tornou-as muito mais emocionantes do que poderiam ser. Estamos constantemente à espera que as coisas se resolvam, mas elas parecem vir sempre a piorar. Conhecemos uma nova faceta de Nova e também novas raças. Deparamo-nos com novas paixões e outras já antigas que se foram desenvolvendo. E, ao contrário do que eu estava à espera, o fim deixa-nos realmente surpresos.

É uma obra muito mais negra que a anterior, sem dúvida alguma. Mas não deixa de ser boa. Deixa-nos com aquela vontade e aquele gostinho para continuar a ler. Só esperamos que Frederico Duarte consiga trazer-nos o terceiro volume para as mãos, pois o Destino do Universo não pode esperar!


Personagens favoritas: Nathan, Jenny, Vlad, Thelma, Raptor, Hannah, Feroltz.

Nota: 8 – Muito Bom

Sara

terça-feira, 19 de julho de 2011

Capa d' «A Dança dos Dragões»


Divulgada pela editora há minutos. Adoro a capa... A 9 de Setembro nas livrarias. Mal posso esperar!


Tiago

domingo, 3 de julho de 2011

O Nome do Vento - Crítica

Nome: O Nome do Vento
Autor: Patrick Rothfuss
Editora: Gailivro
Tradução: Renato Carreira
Páginas: 966

Sinopse: "Chamo-me Kvothe. Resgatei princesas dos túmulos de reis adormecidos, incendiei Trebon. Passei a noite com Felurian e parti com a sanidade e com vida. Fui expulso da Universidade na idade em que a maioria dos alunos é admitida. Percorri caminhos ao luar que outros receiam nomear durante o dia. Conversei com deuses, amei mulheres e compus canções que fazem chorar os trovadores. É possível que me conheçam." Assim se inicia uma história sem igual na literatura fantástica, a história de um herói contada pela sua própria voz. É uma história de mágoa, uma história de sobrevivência, a história de um homem que busca o sentido do seu universo e de como essa busca e a vontade indomável que a motivou, fizeram nascer uma lenda.


Confesso que o número de páginas deste livro é assustador; mas, chegando ao fim, pedi a mim mesma que não acabasse. Pedi a mim mesma que o segundo volume já estivesse publicado para ir a correr comprá-lo. Infelizmente, nem sempre as coisas são como nós queremos, não é?

O início do livro foi algo confuso. Encontramo-nos numa estalagem e não conseguimos perceber o que é que esta tem de tão especial. Fala-se numa série de conceitos - monstros, magias, nomes - que nós nunca ouvimos falar e que não nos são explicados. Somos, mais ou menos, sugados para este novo Universo sem nos darmos conta e sem percebermos onde estamos. Não fazemos a mínima ideia. E quem é aquele estalajadeiro de cabelo vermelho como o fogo? É então que começa a aventura.

Kvothe é uma das personagens mais bem feitas que eu já li alguma vez na minha vida. Em 966 páginas assistimos a apenas cerca de quinze anos da sua vida, contadas na primeira pessoa. Mal entramos na sua história, começamos finalmente a familiarizar-nos com os conceitos que ao princípio nos confundiam. Começamos a perceber, finalmente, onde estamos, em que mundo nos encontramos. E começamos a conhecer Kvothe, a personagem principal do livro. É uma pessoa muito para além do complexo - é alguém que, mesmo no fim do livro, depois de já termos assistido a um terço da sua vida, continuamos sem conhecer ou compreender. É um mistério, um herói que queremos conhecer a fundo; mas Patrick recusa a fazê-lo logo no primeiro volume. E é por isso que, no final, ficamos com vontade de ler mais, ficamos com vontade de termos um calhamaço ainda maior entre mãos.

Tinha altas expectativas para este livro e, acreditem ou não, elas foram ultrapassadas. Não estamos perante um cliché de fantasia e este primeiro volume é só uma espécie de introdução para aquilo que aí vem. Fiquei eternamente apaixonada por personagens que só se poderão desenvolver - ou não - nos próximos volumes. Fiquei eternamente ligada a esta saga e quero continuar a lê-la sofregamente, urgentemente. Infelizmente, terei de esperar. Mas acredito que a espera vai valer a pena.

Rodeado de sombras, este livro traz-nos uma pequena chama: aquele cabelo cor de fogo que paira sobre nós e que nos faz ver o Mundo de outra maneira. Mas, para o vermos de outra maneira, é preciso também sofrer. Simplesmente fantástico!


Personagens favoritas: Kvothe, Bast, Denna, Deoch, Sim.

Nota: 10 - Perfeito

Sara

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Crítica - O Elefante Evapora-se


Título: O Elefante Evapora-se
Autor: Haruki Murakami
Tradutora: Maria João Lourenço
Editora: Casa das Letras
Nº de Páginas: 350
Preço Editor: 18,00€

Sinopse: Num sufocante dia de Verão, um advogado põe-se à procura do seu gato e dá de caras com uma estranha rapariga num jardim abandonado nas traseiras de casa. Mais adiante, as dores provocadas a meio da noite pela fome levam um jovem casal de recém-casados a fazer uma incursão nocturna e a assaltar um McDonald’s para conseguir deitar a mão a trinta hambúrgueres Big Mac, realizando assim um secreto desejo que já vinha dos tempos da adolescência. Um homem fica obcecado pela misteriosa e incrível saga de um elefante que se desvanece em fumo e desaparece da noite para o dia sem deixar rasto. Sem esquecer as confidências de uma mulher casada e jovem mãe com insónias que passa as noites em claro, a ler Tolstoi, e acorda para a vida num mundo indefinido de semiconsciência em que tudo se afigura possível - até mesmo a morte. Ao longo de dezassete pequenas histórias aparentemente banais, das muitas que povoam o nosso quotidiano, Haruki Murakami transporta o leitor à dimensão paralela de um imaginário delicioso e bizarro ao mesmo tempo, percorrendo um Japão que tem tanto de nostálgico como de moderno. »Muitas vezes divertidos, sempre comoventes», os dezassete contos desta colectânea são prova da extraordinária capacidade narrativa de Haruki Murakami.


Não parti para a leitura desta colectânea de contos com o maior dos ânimos. Como por diversas vezes já referi, estou quase sempre de pé atrás quando inicio a leitura de um dos livros de Haruki Murakami, não obstante ele ser, provavelmente, o meu autor preferido. Como se de um sistema de segurança se tratasse, pego num livro seu com a convicção de que, talvez desta vez, não vá ser uma leitura tão abismal como as anteriores. Neste caso, e infelizmente, este meu palpite no vazio revelou-se algo verdadeiro.

Definitivamente, os contos são uma realidade à parte de um romance. O domínio da arte do conto é paralelo ao da narrativa grande. Por um lado, não pode ser um romance condensado em vinte páginas; por outro, também não pode ser um excerto sem pés nem cabeça, como se de um capítulo se tratasse. Na busca deste equilíbrio, creio eu, reside a técnica de um bom contador destas curtas narrativas. Sendo este o primeiro livro do género que leio de Haruki Murakami, concluo que este talento da arte de contar histórias pequenas é um pouco desiquilibrado nele... numas consegue dar a volta e sair por cima, noutras acabamos por nos perder na névoa indefinida daquilo que não conseguimos identificar bem... e esta minha explicação foi confusa, de certeza.

Temos quatro tipos de contos em «O Elefante Evapora-se». Neste sentido: uns parecem ser fruto de um planeamento calculista e estratégico, outros assemelham-se a primeiros capítulos inacabados, outros resultam de forma espontânea na sua liberdade, e outros ainda não passam de nevoeiro difuso emaranhado. Este nevoeiro, presente em alguns contos mais pequenos, mas também noutros maiores, de tão pouco palpável, não me permitiu fixar-me emocionalmente às suas histórias.

Há contos muito divertidos, outros comoventes, outros maravilhosos. Os preferidos: «O Comunicado dos Cangurus» fez-me rir como poucas páginas, na minha vida de leitor, alguma vez conseguiram. «Sono» arrepia do princípio ao fim. «Os Celeiros Incendiados» tem qualquer coisa que me agarrou completamente, assim como «A Janela», apesar de pequenino. «Um Barco Lento para a China» quase me emocionou, embora não saiba explicar porquê. O conjunto dos últimos três contos também foram muito interessantes, embora destaque «O Último Relvado da Tarde», pelas imagens e aromas transmitidos.

Depois há o caso dos contos intermédios, que na minha opinião estão bem construídos, e são interessantes, mas aos quais não criei por qualquer razão um laço emocional com as suas narrativas. E tenho pena em relação a esses. Tenho pena porque sinto, pela primeira vez, um certo grau de desilusão relativamente a uma obra de Murakami. Embora «Underground» e «Hear the Wind Sing» também não tenham sido propriamente umas pérolas, o caso de «O Elefante Evapora-se» é diferente, porque com este, lá no fundo, eu estava à espera de me deleitar.

Não está em causa a qualidade de Murakami. Todo o surreal, o imaginário fantástico, as vidas expostas das personagens, a sinceridade brutal com que o quotidiano é recriado, tudo isso me continua a entreter neste autor. Mas, talvez pela duração que cada conto tem, foram poucas as ligações que criei, muito súbitas e repentinas. Na minha opinião, Murakami move-se bem na área do conto, mas não tanto como verdadeiramente domina o romance. Pelo menos na maioria das vezes. Contudo, e apesar de todas as coisas que disse, estamos perante uma leitura descontraída, divertida, relativamente leve (embora seja discutível), e aconselhada por mim!


Nota (0/10): 7 - Bom

Tiago
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