terça-feira, 17 de maio de 2011

Crítica - Valley Song


Título: Valley Song
Autor: Athol Fugard
Editora: Theatre Communications Group
Nº de Páginas: 60
Preço Editor: 12,26€

Sinopse: «Rarely has a playwright been so closely identified with his country and his people as Athol Fugard. Fugard's extensive body of work has served as one of the moral beacons in the bleak world of South Africa, and now, in Valley Song - this coming-of-age story about a young girl seeking the courage to embrace the future while her grandfather searches for the wisdom to let go of the past - he applies his great gift to the work of healing and of envisioning the future.»


O contexto desta leitura: obrigatória na disciplina de Inglês no 12º ano (na área de Línguas e Humanidades). Não existe tradução portuguesa deste texto dramático sul-africano, escrito em inglês. A obra, essa, é praticamente impossível de obter em Portugal - foram precisas muitas idas à FNAC, muitas encomendas e adiamentos, e no fundo comprar pela Amazon até teria sido a solução mais prática. Mas falemos da leitura, que estes apartes são de pouco interesse quando se trata de fazer uma crítica ao livro.

A peça, escrita em 1996, fala-nos de uma África do Sul em dificuldades, em que a desigualdade é um problema sério. Das três personagens que nos são apresentadas, o avô e a neta são aqueles que imediatamente captam a nossa atenção. Não só a relação entre eles, e sim cada um deles separadamente: o avô, preso aos fantasmas do passado; a neta, que acredita no poder de sonhar e ir mais além. O sentimento à volta do qual o texto se vai desenrolando é o de que está a chegar a hora de as coisas mudarem: aprenderam muito um com o outro, mas o conflito terá de rebentar mais cedo ou mais tarde.

As didascálias estão presentes em bom número. Não são em demasia, o que irritaria o leitor devido à falta de fluidez dos diálogos; nem são demasiado poucas, o que nos ajuda a definir um pouco as intenções correctas e os movimentos. Foi para mim complicado imaginar aquelas cenas a desenrolarem-se num palco de teatro: como leitores somos imediatamente levados a imaginar os cenários, as enormes planícies africanas, as propriedades, a escuridão da noite e o canto dos grilos. Nas cenas em que a personagem «Autor» aparecia, lembrava-me subitamente que se tratava de um cenário, de uma recriação, de um palco. Ler teatro é estranho nesse sentido.

Veronica, a neta, nutre uma adoração pelo canto. Inventa as suas próprias músicas, cujas letras estão presentes ao longo do livro. Dou um bom destaque a estas canções. Era quase como se as conseguisse ouvir. Gostei muito das letras, achei-as muito musicais, e este trabalho de poesia que o autor desenvolveu e inseriu no livro está de muito bom gosto.

Gostei do desenrolar da história, e no fim fica a sensação de que acabou a peça, aplaudi sem grande vontade, me levantei do meu lugar, e regressei a casa. Claro que algumas questões me ficaram no pensamento, mas não penso que a obra atinja uma intensidade suficiente para marcar um leitor. Ao vivo, provavelmente, seria um caso diferente - dependerá das interpretações, claro. E comparar literatura com artes de espetáculo é injusto e impossível. Mas esta sensação de que a trama poderia ter ido um pouco mais longe irá perseguir-me enquanto analisar a obra nas aulas. Ou, quem sabe, ao aprofundar certas passagens, descubra enquantos que a uma primeira leitura me tenham escapado. Uma leitura agradável, que aponta um dedo à situação social na África do Sul, e nos relembra das divergências existentes entre gerações. É nesses choques geracionais, contudo, que o mundo vai evoluindo...


Personagem Preferida: Buks, embora a teoria dos sonhos de Veronica seja maravilhosa.

Nota (0/10): 6 - Agradável


Tiago

Sem comentários:

Blog Widget by LinkWithin