sexta-feira, 6 de maio de 2011

After Dark - Crítica

Nome: After Dark - Os Passageiros da Noite
Autor: Haruki Murakami
Editora: Casa das Letras
Tradução: Maria João Lourenço
Páginas: 224

Sinopse: "Por uma noite, Murakami leva-nos com ele através de uma Tóquio sombria, onírica, hipnótica. Um deslumbrante romance perpassado de uma singular atmosfera poética, na fronteira entre a realidade e o universo fantasmagórico, onde cada pormenor, olhado retrospectivamente, faz sentido. Num bar, Mari encontra-se mergulhada num livro, enquanto bebe o seu chá e fuma cigarro atrás de cigarro. Às tantas, entra em cena um músico que a reconhece. Ao mesmo tempo, encerrada num quarto, Eri, a irmã de Mari, dorme com os punhos cerrados, sem saber que está a ser observado por alguém.
Em torno das duas irmãs desfilam personagens insólitas: uma prostituta chinesa vítima de agressão, a gerente de um hotel do amor, um técnico informático, uma empregada de limpeza em fuga. Sucedem-se acontecimentos bizarros: um aparelho de televisão que, de um momento para o outro, começa bruscamente a funcionar, um espelho que conserva os reflexos.
Em Tóquio, durante as horas de uma noite, vai desenrolar-se um estranho drama..."



O livro começa por descrever a cidade de Tóquio como "uma única entidade colectiva formada por organismos vivos". Ou seja, uma espécie de ecossistema onde toda a gente está interligada de uma maneira ou de outra. Mari, para mim, tornou-se numa espécie de cidade; sendo ela o ecossistema, todas as outras personagens do livro estão ligadas a ela, seja por sangue ou de outra maneira qualquer.

É dentro desta teia de personagens que se desenvolve a linha condutora desta obra de Murakami. Como sempre, para além do mundo real, existe uma realidade paralela que se vai confundindo com a noite que vai passando. São estes elementos Murakimianos - para além dos gatos, do músico, do Homem Sem Rosto - que enriquecem o livro. Sem eles, a obra ficaria demasiado normal, demasiado sem interesse; pois só Murakami é capaz de pegar nas coisas normais e dar-lhes algum interesse.

No final, ficamos com vontade de continuar a ser o espectador daquelas vidas. Muitas coisas ficam em aberto. Será que ela acorda? Que a viagem corre bem? Que ele tem o que merece? Que ele se apaixona? Que ela vive, finalmente, uma vida normal? Isso fica tudo a cargo da nossa imaginação.

Na minha opinião, não é um dos melhores livros de Murakami, talvez porque A Crónica do Pássaro de Corda seja o meu auge enquanto leitora deste autor. E, como este ano ando particularmente exigente, dou-lhe um sete.


Personagens favoritas: Mari, Takahashi, Kaoru, Korogi.

Nota: 7/10 - Bom

Sara

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