Se pensar bem, conheço quatro tipos de autores, embora não me vá referir pelo nome a nenhum deles. O autor que se distancia dos leitores ao máximo, que mantém a sua vida longe dos autógrafos e dos fãs, e que muito raramente aparece em público para algum evento; o autor que assina autógrafos em eventos e agradece ao leitor por ler os seus livros; o autor que, além dos autógrafos, faz questão de meter dois (ou três, ou quatro!) dedos de conversa com cada leitor, estabelecendo assim uma ligação com cada um deles; e o autor que se dedica aos seus leitores por completo, que está disposto a muito por eles, e que os toma como a coisa mais importante do seu trabalho.
Todos os quatro autores têm formas de pensar legítimas. Não se trata obrigatoriamente de simpatia ou falta dela, muitas vezes tem a ver com a própria atitude que o autor quer passar - outras vezes, é mesmo ligado ao próprio carácter - e pode haver uma infinidade de motivos que levem cada autor a aproximar-se de um daqueles quatro modelos que dei. O que tenciono fazer ao escrever esta crónica é exactamente tentar perceber até que ponto é benéfico/prejudicial a aproximação entre os leitores e os autores.
Vantagens dos leitores: É óptimo conhecermos um dado autor que gostamos de ler. Ficamos cheios de vontade de estabelecer um diálogo, falar das personagens preferidas ou de um dado momento da história, tratamos o livro assinado com um carinho especial. Sentimo-nos como que importantes, únicos, ao darmo-nos a conhecer ao criador daquela obra.
Vantagens dos autores: Além de poderem ter uma ideia do número de fãs que têm, e do interesse destes na obra, podem ficar a saber opiniões, conhecer algumas das pessoas que leram o seu trabalho, receberem sugestões e ideias, saberem o que resultou melhor e o que poderia ter sido mais explorado... interessa-lhes os interesses de quem os lê.
Desvantagens dos leitores: Muitas vezes vezes existe uma mística, através de um determinado livro, que pode ser quebrada ao conhecermos o autor. Se lemos, por exemplo, um livro negro, obscuro, pesado... e o autor é uma pessoa muito alegre e bem disposta, então existe um bocado de desilusão, por a pessoa que imaginámos ser tão diferente do estilo de escrita que adorámos.
Desvantagens dos autores: Podem considerar que, com o distanciamento, é um bocadinho criada essa mística que falei anteriormente - a proximidade podia destruir uma certa imagem que os leitores tenham do autor. Além disso, sem a proximidade, o autor não tem amarras nem interesses de leitores a defender, por isso pode dar asas á imaginação da maneira que melhor apreciar, sem ter condicionantes - e, dessa forma, evoluir a sua escrita sem medos.
Este foi apenas uma tentativa de avaliar estas duas prespectivas, embora não tenha chegado a nenhuma conclusão. Claro que as crónicas da Sara e da Patrícia também se irão debruçar sobre o mesmo assunto, mas para já gostava era mesmo de saber a opinião dos leitores do blog. Digam de vossa justiça!
Tiago
3 comentários:
Eu gosto da proximidade ^^
A proximidade com os autores agrada-me, mas sempre que tenho o prazer de estar com algum dos meus autores preferidos, no final fico sempre com a sensação que foram instantes irreais! Só o autógrafo confirma que o momento existiu mesmo! :)
Eu prefiro a proximidade, mas percebo o que queres dizer com as expectativas que criamos.
Quando fui ao encontro com a Charlaine Harris, a autora de Sangue Fresco, não esperava ver uma senhora daquela idade a escrever aquele tipo de livros, mas via-se que apesar de não muito nova, o seu espírito era jovem e estava muito bem-disposta. Portanto, pelo menos neste caso, foi muito interessante conhecer a pessoa detrás do livro.
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