domingo, 30 de maio de 2010

Lydo e Opinado em Junho!


Junho está mesmo à porta, e com ele o começo do Verão! Verão, pelo menos para mim, é mesmo sinónimo de férias... e consequentemente de mais tempo para as leituras (teoricamente, por causa das razões que falei há tempos - quando parece que tenho mais tempo livre, é quando me disperso e me desorganizo). Pormenores à parte, vamos manter a nossa «programação» habitual, com a nossa entrevista exclusiva, passatempo (desta vez triplo!), e crónicas. Isto além das críticas literárias do que formos lendo, e do espaço livre que ocupamos com os mais diversos assuntos referentes a livros.

Dia 1 de Junho: Entrevista exclusiva à autora Isabel Ricardo Amaral!

Dia 3 de Junho (até dia 6): Passatempo, no qual iremos ofereceres três livros (um por vencedor) da autora entrevistada: os romances históricos «O Último Conjurado», «A Demanda do Mestre», e «Nuno Álvares Pereira».

Crónicas do mês: Vamo-nos debruçar sobre o tema «Livros Originais?» nas nossas crónicas específicas deste mês. Nem todos os livros que lemos nos apresentam ideias originais. Muita da fantasia se baseia nas bases criadas por Tolkien, ou quando lemos uma determinada sinopse faz-nos logo lembrar uma outra. Vamos ver até que ponto isto pode ser ou não prejudicial, para autores e leitores.

Obrigado por nos visitarem e comentarem. São as vossas visitas que nos encorajam a continuar o nosso projecto!

Tiago

sexta-feira, 28 de maio de 2010

O Código Da Vinci - Crítica

Nome: O Código Da Vinci
Autor: Dan Brown
Editora: Bertrand Editora
Nº de Páginas: 544
Preço Editor: 19,90€

Sinopse: «Robert Langdon, conceituado simbologista, está em Paris para fazer uma palestra quando recebe uma notícia inesperada: o velho curador do Louvre foi encontrado morto no museu, e um código indecifrável encontrado junto ao cadáver. Na tentativa de decifrar o estranho código, Langdon e uma dotada criptologista francesa, Sophie Neveu, descobrem, estupefactos, uma série de pistas inscritas nas obras de Leonardo da Vinci, que o pintor engenhosamente disfarçou. Tudo se complica quando Langdon descobre uma surpreendente ligação: o falecido curador estava envolvido com o Priorado de Sião, uma sociedade secreta a que tinham pertencido Sir Isaac Newton, Botticelli, Victor Hugo e Da Vinci, entre outros.»

Confesso que tencionava ler este livro muito mais cedo mas como outros se foram sobrepondo, não consegui adquiri-lo no tempo que ambicionava. Apesar disso, como nunca é tarde para ler uma das obras mais célebres em todo o Mundo, aproveitei para finalmente dedicar-me a Dan Brown e à sua escrita enigmática.

Nunca tinha lido nada deste género, prefiro romances ou fantasia mas como Leonardo da Vinci é das figuras que mais me fascina na História, acompanhei com uma atenção e interesse diferente daquela que tinha disponibilizado para outro tipo de livros. E para ser honesta, achei bastante complexa a forma como a escrita de Dan Brown se encaixa como um puzzle.

A história começa com a morte de Jacques Saunière, um conceituado conservador do Louvre. No decorrer da sua morte, Robert Langdon, um conhecido simbologista e Sophie Neveu, uma criptologista francesa, são apanhados nesta que vai ser uma história repleta de mistério, de fé, de enigmas, de História, de personagens misteriosas, de romance e de segredo.

Para uma primeira análise a Dan Brown, reconheço o seu esforço ao manter-se fiel a todas as informações históricas relativamente a este Código. Acredito sinceramente que o esforço dele foi recompensado.

Personagens favoritas: Todas as personagens me atraíram portanto não tenho nenhum que coloque em destaque.

Nota (0 a 10) : 8 (Muito bom)

Patrícia

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Sputnik, Meu Amor - Crítica

Nome: Sputnik, Meu Amor
Autor: Haruki Murakami
Editora: Casa das Letras
Tradução: Maria João Lourenço
Páginas: 197

Sinopse: "Um jovem professor primário, identificado apenas pela inicial «K», apaixona-se por Sumire, uma jovem aspirante a escritora. Quando esta entabula uma relação amorosa com Miu, uma enigmática mulher de meia-idade que a emprega como secretária, K é relegado para o ingrato papel de confidente. Sumire, porém, estando de férias numa ilha grega com a sua amante, desaparece misteriosamente, e K é chamado para ajudar nas buscas. Um estranho triângulo que oferece uma profunda reflexão sobre a solidão, os sonhos e aspirações do indivíduo e a necessidade de os adaptar à realidade."

Comecei a ler este livro já sabendo o final, pois o Tiago, quando o leu no ano passado, de tão entusiasmado que estava, contou-me. Na altura achei-o fascinante e disse-lhe imediatamente que ele tinha de me emprestar o livro. Agora que o fez, já percebo o porquê de todo o entusiasmo.

Apesar de, nas primeiras páginas, certas partes serem desprovidas de interesse, pelo menos para mim, que não senti grande excitação para ler aquilo tudo de uma vez - o que não quer dizer que seja uma parte parada, apenas estava habituada a fazê-lo com os últimos dois livros que li -, a segunda parte torna-se bastante emocionante e, para além disso, muito misteriosa.

Podemos ler ali na sinopse que Sumire desapareceu. Primeiro que tudo, pensamos «Oh, já sabemos o final.» Mas a verdade é que as coisas não são bem assim. Para além de Murakami conseguir criar alguns laços entre os leitores e as personagens, o desaparecimento de Sumire e a história de Miu são tudo menos coisas normais. É preciso ler para compreender e para nos perdermos naquele Mundo que não parece real. No entanto, ficamos a pensar «Será que isto podia mesmo acontecer?» Eu fiquei, cá no fundo, a acreditar que sim.

Um livro leve e fácil de se ler, apesar dos erros de edição, Sputnik, Meu Amor, revelou-se como uma pequena lufada de ar fresco.

Personagens favoritas: Cenoura, K., Sumire e Miu.

Nota: 7,5/10 - Bom

Sara

terça-feira, 25 de maio de 2010

5ª e última ida à Feira....!


E pronto, aí têm mesmo por cima destas palavras o resultado da minha ida à Feira. Comprei os dois da Robin Hobb, para dar continuidade à Saga do Assassino que iniciei em Dezembro passado, e podia escolher um terceiro grátis entre os que lá estavam selecionados - a escolha acabou por recair n' A Filha do Sangue, o primeiro da trilogia das Pérolas Negras de Anne Bishop. Sim... sinónimo de mais despesa ainda! Mas pelo que tenho lido compensa, pelas boa leitura que irá proporcionar...! Resultado? Oito livros comprados esta Feira: 3 na Saída de Emergência, 2 na Casa das Letras, 1 na Tinta da China, 1 na Presença, e 1 na Porto Editora. Sim, ficaram por comprar uns quantos que tinha dito a mim mesmo que não passavam da Feira..... mas não deu para tudo.

E é oficial: pela primeira vez na história da minha estante, a prateleira reservada aos livros "por ler" ficou completamente cheia, com um total de... 40 livros! Vão ser umas boas férias, sim senhor!

Quanto à Feira do Livro de Lisboa, foi, como sempre, um óptimo evento, que primou pela organização, pela semana extra, e pelos descontos que deu, principalmente na HORA H. Uma ida à Feira é sempre um momento de alegria, com ou sem adquirições... o espírito que alis e vive, as escolas com crianças a verem livros... um ambiente muito bom, e que fico sempre com saudades quando acaba. Este ano fui 5 vezes, batendo o meu record num único ano (que tinha sido 2!). Espero igual o número de visitas para o ano. Até breve, Feira!

Tiago

sábado, 22 de maio de 2010

Crítica - O Senhor Henri

Nome: O Senhor Henri
Autor: Gonçalo M. Tavares
Editora: CAMINHO
Nº de Páginas: 95
Preço Editor: 13,65€

Sinopse: «O senhor Henri disse:
... é verdade que se um homem misturar absinto com a realidade fica com uma realidade melhor.
... mas também é certo que se um homem misturar absinto com a realidade fica com um absinto pior.
... muito cedo tomei as opções essenciais que há a tomar na vida — disse o senhor Henri.
... nunca misturei o absinto com a realidade para não piorar a qualidade do absinto.
... mais um copo, caro comendador. E sem um único pingo de realidade, por favor.»

O Senhor Henri é um homem que vive n' O Bairro criado por Gonçalo M. Tavares, e no qual convivem lado a lado importantes figuras da literatura mundial, embora um pouco codificadas. O Senhor Henri é um homem que gosta de absinto. O Senhor Henri bebe absinto todo o dia, porque diz que o absinto é que é o estímulo que faz o homem pensar, e que ele próprio não sabe o que pensa na sua cabeça - se a cabeça, se o absinto. Mas provavelmente é o absinto.

No seguimento do Senhor Valéry, este livro foi um voltar a todos estes pensamentos, filosofias, questões, jogos de lógica, que vão surgindo ao longo das pequeninas histórias que recheiam o livro. São quase quarenta pequenos contos, que podem ir de um parágrafo até cinco páginas, e que nos levam até dentro da cabeça deste Senhor Henri - que de tão bêbado que está, se contrazid de quando em vez, começando o seu discurso apoiando um ponto de vista, e no fim defende ou contrário, ou já mudou totalmente de assunto.

E constantemente pede mais absinto, mais absinto, na "biblioteca" onde passa o dia, contando histórias aos outros clientes que, como ele, vivem ali a sua vida. Considera-se culto, e gaba-se de recordar datas importantes do surgimento de invenções. E cria ele próprio novos conceitos - bolsos de calças que estejam preparados para levar líquidos, por exemplo.

Uma lufada de inspiração e jogos de lógica, que fazem qualquer leitor sorrir. Embora o livro pareça estranho, sente-se toda uma atmosfera de pensamento que, ajudada pelas ilustrações interessantes de Rachel Caitano, nos fazem devorar o livro mais rapidamente do que desejaríamos. Não é uma obra-prima, claro está. É como que uma experiência, ou ensaio - bem sucedido! Posso só deixar então aqui uma pergunta, e desafiar os visitantes do blog a responderem? É também um convite a aventurarem-se na leitura!

«O Senhor Henri disse: se a laranja viesse de uma árvore chamada macieira, à laranja teria de se chamar maçã ou era à macieira que se teria de chamar laranjeira?». Hm, hm?

Nota (0/10): 6 - Agradável

Tiago

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Adquirições na FLL



Não há que negar que, na Feira do Livro de Lisboa, os preços acabam sempre por ser mais acessíveis e, devido a isso, a vontade de comprar ainda é maior. A verdade é que nunca gastei tanto dinheiro, em tão pouco tempo, em livros. Quando quero algum, costumo pedir pelos anos ou pelo Natal. Desta vez, aproveitei os descontos e lá fui eu! Gastei cerca de 49€ ao comprar os seguintes livros:


- O Passado Que Seremos de Inês Botelho
- Avatar de Frederico Duarte
- Necromancia de Frederico Duarte
- O Evangelho do Enforcado de David Soares
- Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll
- As Horas de Michael Cunningham


Segundo os preços da Fnac, poupei cerca de 37€ nestas compras! Nunca imaginei poupar tanto, mas a verdade é que o consegui e, desta maneira, não tenho grandes pesos na consciência por ter comprado logo seis livros. E cheguei à conclusão que, sendo eu uma leitora que pouco conhece da literatura portuguesa, estou, com certeza, prestes a enriquecer a minha experiência com estes autores.
Também consegui que alguns livros fossem assinados. Ora aqui estão:




Sara

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Crítica - Em Busca do Carneiro Selvagem

Título: Em Busca do Carneiro Selvagem
Autor: Haruki Murakami
Tradutora: Maria João Lourenço
Editora: Casa das Letras
Nº de Páginas: 370
Preço Editor: 18€

Sinopse: «Ambientado numa atmosfera japonesa, mas com um pé no noir americano, Murakami tece uma história detectivesca onde a realidade é palpável, dura e fria, e seria a verdade de qualquer um, não fosse um leve pormenor: é uma realidade absolutamente fantástica. Um publicitário divorciado, que tem um caso com uma rapariga de orelhas fascinantes, vê-se envolvido, graças a uma fotografia publicitária, numa trama inesperada: alguém quer que ele encontre um carneiro! Mas não é um carneiro qualquer. É um animal que pode mudar o rumo da história. Um carneiro sobrenatural…
Murakami dá a esta estranha história um tom que só um oriental pode imprimir a uma crença, fazendo-a figurar como um facto da realidade. Coloca, de uma forma genial, a fantasia na aridez do mundo real.»

É o sétimo que leio de Murakami, e ainda não vejo ao longe o dia em que me vou cansar de ler este autor - provavelmente porque isso nunca irá acontecer. Ler um livro dele é um constante deleite, sinto-me sempre confortável e viciado na leitura, embrenho-me nos seus cenários e personagens oníricos, naquela linha tão ténue entre a realidade e o sonho. E por mais caótico, estranho, inimaginável, absurdo, que o enredo possa ser - ler Murakami é uma experiência única e da qual nunca chego a despertar completamente. Digo isto porque, a cada livro que leio dele, olho de uma forma um bocadinho mais diferente para a realidade.

Como talvez saibam, este é o terceiro livro da chamada «Trilogia do Rato», cujos dois primeiros livros o autor não autorizou a que fossem editados fora do Japão. Existe no entanto uma tradução inglesa no país nipónico, que mandei vir, desses dois primeiros livros. «Hear the Wind Sing», e «Pinball, 1974», cujas críticas aqui podem ler. É verdade que se pode ler o terceiro desta trilogia sem se ter lido os dois anteriores, mas acreditem que não é a mesma coisa... na minha opinião, o contacto com as personagens que já trazia dos dois volumes anteriores ajudou-me e muito a encontrar pontos fortes em «Em Busca do Carneiro Selvagem», e extractos particularmente emotivos por conhecer o que se passou anos antes. A sequência final da história, e, digamos, as últimas cinco páginas, foram para mim arrebatadoras - e creio que importou ter lido os volumes anteriores.

A verdade é que este autor japonês cativa com as suas palavras! Numa narrativa simples e linear, comunicando com uma linguagem tão acessível (mérito para a tradutora, que consegue manter o estilo e torná-lo muitíssimo interessante na nossa língua!), frases curtas, fácil de acompanhar o enredo... um enredo engraçado e que evolui de maneira impressionante, seguindo pelos caminhos mais óbvios... não é, de longe, um policial, nem uma história detectivesca, como a sinopse quer dar a parecer. Vai muito para além disso, entra em terrenos que qualquer história detectivesca normal jamais poderia alcançar!

É tão bom voltar a Murakami, às suas palavras, ao seu universo paralelo ao nosso (a questão do espelho, que encontramos neste livro, pode comparar-se ao que sinto quando leio livros do Haruki - não é o nosso mundo, mas sim um semelhante), as metáforas tão bonitas, a solidão vista daquele ponto de vista tão cativante, a tristeza que nunca é contada como tristeza. É espontâneo, quando me apetece pegar num livro dele... e, agora que olho para a crítica, quase não falei do livro em si, mas sempre do autor. Sim, todos os seus livros têm mais ou menos os mesmos pressupostos. E adoro-os. Dá vontade de partir em busca de um carneiro selvagem....... de boca aberta, e arrebatado com esta leitura.

Personagens Preferidas: o Motorista; o Rato; o protagonista; a mulher das orelhas; o J. E já são muitos.

Nota: 9/10

Tiago

quarta-feira, 19 de maio de 2010

E vão 4 idas à Feira!

É verdade! Foi neste Domingo que passou que fui pela 4ª, e em princípio, penúltima vez, à Feira do Livro de Lisboa deste ano. Estavam muito bom tempo, um calor agradável, e, como seria de supôr, cheia de gente. Quando lá cheguei, aproximadamente às quatro da tarde, mal se podia andar, principalmente pelo lado esquerdo de quem sobe o Parque Eduardo VII. À medida que as horas foram passando, e até às sete, o tempo começou a arrefecer, e as pessoas passaram a estar menos concentradas. Fui à feira neste dia essencialmente por três razões:


Primeira: o autor Frederico Duarte, que já entrevistámos aqui no blog em Janeiro passado, autor de AVATAR e NECROMANCIA, estava a organizar um pequeno encontro entre fãs da saga e ele próprio, um passeio informal pela Feira. Quis ir, claro, e levei comigo os exemplares da Sara (que não pode ir), para para serem autografados pelo Frederico. Grande parte da tarde passeia-a com ele, e foi bastante divertido, como sempre! Aproveito para lembrar a todos que os livros do autor estão a 5€ na Feira, no stand da Nova Gaia, na zona da LeYa - embora já tenham esgotado por duas vezes desde o início do evento!


Segunda razão: as sessões de autógrafos de outros dois autores dos quais já cá tinha livros em casa. Eram eles Isabel Ricardo Amaral (tinha cá um livro que, aliás, nunca tive oportunidade de ler) - para a autora me assinar. Ela assim o fez, e foi muito simpática. Mais amigável ainda foi autor Pedro Sena-Lino, que superou as expectativas boas que já pudesse ter, com uma postura bastante dada para com os seus leitores. Assinou os dois manuais de escrita criativa que tinha em minha casa. Identifiquei-me como sendo o Tiago do blog que o tinha entrevistado há poucos dias, e ele confessou que estava à espera de alguém mais velho! E elogiou o blog!



Terceira razão, e ainda relacionada com Pedro Sena-Lino: o autor, como professor de escrita criativa que é, deu um workshop gratuito de uma hora no stand da Porto Editora. E a isso é que não podia mesmo falhar! Juntamente com outras vinte, vinte e cinco pessoas, resolvi a três exercícios interessantes que exploram esta arte da criatividade. Foi muito interessante, e divertido, até para ouvir os textos que os outros escreviam.


Foi a "condenação final", assistir à tal aula de escrita criativa... e não pude resisistir a comprar o romance do autor que, aliás, já tínhamos colocado em passatempo aqui no blog - 333 juntou-se assim à minha estante, também ele assinado, claro está. E a lista de espera cá de casa cresce, cresce, cresce...... no último dia em que vou à Feira gostava de passar pela Saída de Emergência.... ai ai!

Tiago

terça-feira, 18 de maio de 2010

Marcada - Crítica

(Fotografia da minha autoria)
Nome: Marcada
Autoras: P. C. Cast & Kristin Cast
Editora: Saída de Emergência
Tradução: Susana Serrão
Páginas: 302
Sinopse: "Zoey Redbird tem 16 anos e vive num mundo igual ao nosso, com uma única diferença: os vampyros não só existem como são tolerados. Os humanos que os vampyros «marcam» como especiais entram na Casa da Noite, uma escola onde se vão transformar em vampyros ou, se o corpo o rejeitar, morrer.
Para Zoey, apesar do medo inicial, ser marcada é uma verdadeira bênção. Ela nunca encaixou no mundo normal e sempre sentiu que estava destinada a algo mais. Mas mesmo na nova escola a jovem sente-se diferente dos outros, pois a marca que a Deusa Nyx lhe fez é especial, mostrando que os seus poderes são muito fortes para alguém tão jovem.
Na Casa da Noite, Zoey acaba por encontrar amizade e amor, mas também mentira e inveja. Afinal, nem tudo está bem no mundo dos vampyros e os problemas que pensava ter deixado para trás não se comparam aos desafios que tem pela frente."


A primeira coisa a criticar em relação a este livro é o tipo de escrita. Logo no início, nos agradecimentos, consegue-se perceber que mãe e filha escreveram este livro em conjunto, mas não da melhor em forma, na minha opinião. A mãe deu vida à história e a filha acabou por a tentar tornar mais «adolescente». O problema aqui é ficou demasiado adolescente. Encontram-se expressões engraçadas - isso é verdade. Mas existem outras que parecem estar um bocado fora de contexto e uns parêntises que eu nunca cheguei a perceber muito bem. Como, por exemplo, "Epa, lá estou eu a ter pensamentos arrapazados outra vez (eheheh)." Gostava de saber se sou a única que acha aquele "eheheh" um bocado fora de contexto. E, para além disso, não fica bem e dá um ar imaturo ao livro. Talvez seja essa a ideia delas mas, na minha opinião, isso só veio a prejudicá-las.

De seguida, tenho a dizer que a história em si está engraçada. Realmente, não pode ser comparada ao Crepúsculo, visto que não tem nada a ver. A linha de raciocínio nesta história vai por vertentes diferentes do que o Crepúsculo, sem dúvida alguma. Apesar da boa imaginação e da boa história, achei que esta se passava num período de tempo demasiado curto. Mas talvez seja também esse o objectivo das escritoras. No entanto, para o leitor, acaba por se tornar um bocado inesperado porque, pensamos nós que estamos finalmente a entrar na história a sério, e o livro acaba.

Apesar de tudo isso, este livro deu-me ânimo e entusiasmo para ler. E, mesmo por isso, demorei apenas cinco dias a fazê-lo. E isso só demonstra o quão apelativa e cativante é a história que as autoras criaram.

O fim deixou-me com imensa curiosidade para ler o Traída e fiquei com vontade de o comprar. No entanto, não achei o elenco nada de extraordinário. Mas tenho a esperança de que ainda se venha a tornar, com os restantes livros da saga.

Personagens favoritas: Damien Maslin, Stevie Rae, Zoey Redbird, Erik Night.

Nota: 7/10 - Bom

Sara

segunda-feira, 17 de maio de 2010

[Crónica] Proximidade entre Autores e Leitores - Tiago


Se pensar bem, conheço quatro tipos de autores, embora não me vá referir pelo nome a nenhum deles. O autor que se distancia dos leitores ao máximo, que mantém a sua vida longe dos autógrafos e dos fãs, e que muito raramente aparece em público para algum evento; o autor que assina autógrafos em eventos e agradece ao leitor por ler os seus livros; o autor que, além dos autógrafos, faz questão de meter dois (ou três, ou quatro!) dedos de conversa com cada leitor, estabelecendo assim uma ligação com cada um deles; e o autor que se dedica aos seus leitores por completo, que está disposto a muito por eles, e que os toma como a coisa mais importante do seu trabalho.

Todos os quatro autores têm formas de pensar legítimas. Não se trata obrigatoriamente de simpatia ou falta dela, muitas vezes tem a ver com a própria atitude que o autor quer passar - outras vezes, é mesmo ligado ao próprio carácter - e pode haver uma infinidade de motivos que levem cada autor a aproximar-se de um daqueles quatro modelos que dei. O que tenciono fazer ao escrever esta crónica é exactamente tentar perceber até que ponto é benéfico/prejudicial a aproximação entre os leitores e os autores.

Vantagens dos leitores: É óptimo conhecermos um dado autor que gostamos de ler. Ficamos cheios de vontade de estabelecer um diálogo, falar das personagens preferidas ou de um dado momento da história, tratamos o livro assinado com um carinho especial. Sentimo-nos como que importantes, únicos, ao darmo-nos a conhecer ao criador daquela obra.

Vantagens dos autores: Além de poderem ter uma ideia do número de fãs que têm, e do interesse destes na obra, podem ficar a saber opiniões, conhecer algumas das pessoas que leram o seu trabalho, receberem sugestões e ideias, saberem o que resultou melhor e o que poderia ter sido mais explorado... interessa-lhes os interesses de quem os lê.

Desvantagens dos leitores: Muitas vezes vezes existe uma mística, através de um determinado livro, que pode ser quebrada ao conhecermos o autor. Se lemos, por exemplo, um livro negro, obscuro, pesado... e o autor é uma pessoa muito alegre e bem disposta, então existe um bocado de desilusão, por a pessoa que imaginámos ser tão diferente do estilo de escrita que adorámos.

Desvantagens dos autores: Podem considerar que, com o distanciamento, é um bocadinho criada essa mística que falei anteriormente - a proximidade podia destruir uma certa imagem que os leitores tenham do autor. Além disso, sem a proximidade, o autor não tem amarras nem interesses de leitores a defender, por isso pode dar asas á imaginação da maneira que melhor apreciar, sem ter condicionantes - e, dessa forma, evoluir a sua escrita sem medos.

Este foi apenas uma tentativa de avaliar estas duas prespectivas, embora não tenha chegado a nenhuma conclusão. Claro que as crónicas da Sara e da Patrícia também se irão debruçar sobre o mesmo assunto, mas para já gostava era mesmo de saber a opinião dos leitores do blog. Digam de vossa justiça!

Tiago

domingo, 16 de maio de 2010

Apresentação d' A Saga de Alamar!

Não podia deixar de dar esta notícia com muita alegria! A Diana Sousa, 17 anos, com quem já interagi em diversos fóruns da internet relativos a escrita (por exemplo, de RPG's...), conseguiu arranjar editora para publicar o seu primeiro livro! Ínicio, o volume que dá início à Saga de Alamar, foi escrito pela autora em Novembro de 2008, durante um evento de escrita da internet à escala mundial, o NaNoWriMo (qualquer dia falo sobre isto!).

Sendo que as primeiras apresentações serão feitas no Norte do país, e deixo embaixo as datas e os locais, está a ser pensada a possibilidade de uma apresentação na região de Lisboa, para as férias do Verão. O tema do livro é fantasia, e, segundo a editora, está escrito numa «linguagem pródiga». Estou mais do que curioso para adquirir o livro, o que só poderei fazer após o lançamento. Além de distribuído por algumas livrarias específicas a nível nacional, poderão adquiri-lo pela internet através do site da editora Temas Originais, ou da Wook.

As apresentações serão então, para os interessados:
  • Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, Rua de S. Paulo, 1 (em frente ao Centro de Saúde - Maximinos), em Braga, no próximo dia 22 de Maio, pelas 16:00.
  • Ateneu Comercial do Porto, sito na Rua Passos Manuel, 44, Porto, no próximo dia 29 de Maio, pelas 16:00.
Mais informações sobre autora e livro carregar aqui. É muito bem ver pessoas das comunidades de escrita da internet em que participei publicarem os seus primeiros livros! E novos autores portugueses é sempre uma boa notícia...! Parabéns, Diana, e muito boa sorte nesta saga! Por isso, leitores de Braga e do Porto, aproveitem esta oportunidade de comparecerem aos lançamentos! Principalmente se gostarem do tema fantástico!

EDIT: Aqui ficam com a sinopse do livro, chegada até mim através da autora:
Um mundo em que o auge da sua civilização já há muito passou, e tudo o que desses tempos dourados resta são lendas e manuscritos espalhados ou perdidos.
A herança que restou dessa altura foi a magia e a tecnologia, que têm vindo a ser usadas até ao extremo. Cada pessoa batalhava por mais magia, mais poder. Duas nações acabaram por se formar, acabando com a paz que antes fora tão arduamente conseguida.
Até que o próprio planeta se vira contra a população, farto de tanto ódio e corrupção. Recorrendo a magia intemporal, os campos começam a ficar desertificados, a magia ganha vida em forma de criaturas negras, tornando a maior parte do continente inabitável. A nação teme pelas suas vidas, prevendo o fim da sua era.
É no meio de uma busca desesperada que os Antigos são descobertos, seis seres com poderes até ali apenas vistos como lendas e histórias. Que irão eles fazer para salvar aquele planeta? Conseguirão eles o seu objectivo? Ou será já tarde demais?
Tudo o que o planeta e os seus habitantes precisam, é de um novo início…
A história acompanha este grupo, dividido entre as duas nações e o caminho que têm de percorrer até conseguirem o seu objectivo. No entanto, este pode não ser aqueles que estão à espera…

Tiago

sábado, 15 de maio de 2010

A Glória dos Traidores - Crítica

Nome: A Glória dos Traidores
Autor: George R. R. Martin
Editora: Saída de Emergência
Tradução: Jorge Candeias
Páginas: 515
Sinopse: [SPOILERS] O bafo cruel e impiedoso do Inverno já se sente. Quando Jon Snow consegue regressar à Muralha, perseguido pelos antigos companheiros do Povo Livre, não sabe o que irá encontrar nem como será recebido pelos seus irmãos da Patrulha da Noite. Só tem uma certeza: há coisas bem piores do que a hoste de selvagens a aproximarem-se pela floresta assombrada.

O Jovem Lobo também está em viagem, na companhia da mão e do tio, numa tentativa de reconquistar duas coisas fundamentais para os Stark: a aliança da Casa Frey e o Norte. A primeira parece bem encaminhada, mas é sabido como o velho Walder Frey é traiçoeiro. Quanto à segunda, é uma incógnita, pois a tarefa que lhe cabe é quase impossível: conquistar Fosso Cailin a partir do sul.

Em Porto Real, há dois casamentos em perspectiva, qual deles o mais importante para o destino dos Sete Reinos. Mas quem sabe o que os caprichos do destino têm reservado para os noivos? Jaime Lannister, agora mutilado, regressa para junto dos seus sem saber o que o aguarda. E do outro lado do mar, o poder dos dragões renasce, com Daenerys à cabeça de uma hoste de eunucos treinados para a guerra e finalmente rodeada de amigos. Mas serão esses amigos... dignos de confiança?

LIVRE DE SPOILERS

Este foi um livro digno de demasiadas emoções diferentes. Senti arrepios a percorrer-me a espinha, ri histéricamente, chorei e tive pesadelos com as minhas personagens favoritas. Se eu achava Martin cruel, agora já nem sequer tenho um adjectivo para ele. Cada capítulo, sem excepção, cortava-me a respiração nas últimas frases ou nas últimas páginas. Cheguei mesmo a ficar horas sem conseguir adormecer, enquanto pensava «O Martin fez mesmo isto?»

Casamentos e mais casamentos. Mortes e mais mortes. Surpresas e mais surpresas! Apesar de tudo, ainda houve uma personagem que me deu alegrias e nunca medos. A Rainha dos Dragões continua destemida e, apesar das traições que viveu - e que me deixaram boquiaberta -, mantém-se a salvo. O mesmo não posso dizer das outras personagens! Cada um corre um perigo de morte iminente, que nos faz conter a respiração até ao último ponto final!

Um livro que começa suave como o cheiro de flores, mas que rapidamente nos troca as voltas todas. O mais violento de todos de Martin, dos que li até agora, sem dúvida alguma. E o melhor também! Fechá-lo todas as noites, depois de terminar um capítulo, tornou-se quase doloroso, querendo devorá-lo de uma só vez.

E o final? Ainda me faltavam dois capítulos para o final, ia-me levantar no dia a seguir às 7:20h da manhã, mas li tudo. Não consegui parar. No penúltimo capítulo disse a mim mesma «Martin não pode conseguir melhor que isto...», mas conseguiu! O último capítulo deixou-me com uma curiosidade tão grande que apetece-me pegar já no próximo volume! No entanto, pretendo fazer uma pausa desta saga, para adiantar outras leituras em atraso e para também esperar pelo livro novo dele.

E agora vou-vos deixar uma ilustração que encontrei no blog do Martin, de um capítulo deste livro.



Personagens favoritas: [SPOILERS] Sansa Stark, Catelyn Stark, Jaime Lannister e Petyr Baelish.

Nota: 10/10

Sara

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Aquisições do Tiago na 2ª e 3ª ida à FLL!



Eram dez e quarenta e cinco da noite da quarta feira, quando me ocorreu ir à Feira do Livro aproveitar a grandiosa Hora H, e os seus 50% de desconto em todos os livros com mais de dezoito meses. Tencionava passar pelo stand da LeYa, e comprar os últimos dois livros de Murakami publicados pela Casa das Letras. Por felicidade, foi-me possível ter boleia a essa hora, e confirmei aquilo que já tinha lido na internet - a Feira estava cheia de gente, mesmo sendo já onze e um quarto da noite! E filas enormes nos stands da LeYa. Enquanto o meu pai ficou na fila com os dois livros laterais que vêm na imagem, lembrei-me que me faltava apenas um de Murakami para ter, na minha estante, toda a sua obra em português: Underground, editado pela Tinta da China. Lá dei uma corrida até ao stand da editora, e consegui comprar o livro, também por 50%! Entretantos os stands fechavam, a feira adormecia, os livros também, na escuridão das persianas fechadas... e, no meu quarto, todos os livros editados em Portugal de Murakami, todos juntos, a mirarem o saco de pano que foi oferta na compra deles.


Hoje, sexta feira, voltei à Feira. Desta vez para comprar o primeiro volume de uma nova saga, «As Novas Crónicas de Spiderwick». lembram-se de vos ter falado das Crónicas de Spiderwick? Parece que chegou uma sequela. E como a primeira me marcou a idade dos dez, onze anos - não resiti à nostalgia de ler também este regresso. Comprei na Presença. Muitas escolas, muitas crianças a comprarem livros, na feira. Uma verdadeira alegria... e o sol ajudou! Uma boa visita.... a Feira parece ter mais encanto a cada dia que passa... cada dia a conheço melhor...

E vocês, têm comprado muito? Os leitores do Porto esperam ansiosamente pela "sua" Feira? partilhem connosco!

Tiago

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Os Meus Hábitos de Leitura...

Li este questionário acerca de hábitos de leitura no blog Estante de Livros, que visito diariamente, e tomei a liberdade de, à semelhança de muitos visitantes do blog referido, responder aqui no blog às mesmas perguntas... para ficarem a conhecer um pouco melhor os meus hábitos enquanto leitor!

Petiscas enquanto lês? Se sim, qual é o teu petisco favorito?
De um modo geral não como enquanto leio. Mas se a leitura se proporciona a determinadas horas, a meio da manhã, ou ao lanche, às vezes como pão enquanto percorro com os meus olhos a página. Sim, às vezes as migalhas ficam no meio das páginas, e fica difícil de as tirar de lá - mas consegue-se...

Qual é a tua bebida preferida enquanto lês?
Beber é que, definitivamente, não o faço durante a leitura. A não ser ir à cozinha beber um copo de água, ou assim... mas não conta!

Como é que marcas o local onde ficaste na leitura? Um marcador de livros? Dobras o canto da página? Deixas o livro aberto?
Jamais dobrei o canto da página, e jamais o farei! Se o livro traz consigo um marcador, uso-o de boa vontade. Se não traz, então, hoje em dia, limito-me a decorar o número da página - tenho uma mania muito estranha enquanto leitor: só uso um marcador específico para um livro, não os repito!

Ficção, não-​ficção, ou ambos?
Ficção, sem dúvida. Embora o «Auto-Retrato do Escritor enquanto corredor de fundo», de Haruki Murakami, tenha sido dos melhores livros que li o ano passado (sendo não ficção).

És do tipo de pessoa que lê até ao final do capítulo, ou páras em qual­quer sítio?
Faço sempre um esforço para só parar no final de um capítulo. É claro que, em dados momentos, a situação não me permite fazê-lo. Mas há autores em que me obrigo a que isso aconteça. Mesmo!

És leitor para atirar um livro para o outro lado da sala ou para o chão quando o autor te irrita?
Atirar o livro, não. Mas se me irrita mesmo, depois de o pousar em cima de uma mesa, posso dar-lhe um "murro", sim!

Se te deparares com uma palavra desconhecida, páras e vais procurar o seu significado?
Não. É verdade, sou preguiçoso para ir ver ao dicionário. É claro que se a palavra estiver englobada num contexto, tiro logo um significado para ela. E se ficar mesmo muito curioso, há-de se proporcionar um esclarecimento num dicionário, a dada altura. Mas de um modo geral não costumo ter este problema.

O que é que estás a ler actualmente?
Vou começar ainda hoje a ler "Em Busca do Carneiro Selvagem", de Haruki Murakami.

Qual foi o último livro que compraste?
Com este questionário as pessoas devem pensar que eu sou mesmo louco por Murakami. Mas ontem passei pela Feira na Hora H, e aproveitei os 50% de desconto para adquirir "Em Busca do Carneiro Selvagem", "A Rapariga que inventou um sonho", e "Underground", todos do mesmo autor!

Lês só um livro de cada vez, ou consegues ler mais que um ao mesmo tempo?
Só um de cada vez! E não se trata de conseguir ou não, é mesmo porque me dá mais prazer desta forma, entregar-me de forma completa a um livro...

Tens um lugar/​altura do dia preferido para ler?
É claro que no quintal da minha casa de Verão é sempre agradável, mas isso é só dois meses por ano... de resto, em qualquer altura, particularmente à noite, sentado na cama.

Preferes livros incluídos em séries ou independentes?
Depende muito. Aprecio livros independentes, e livros incluídos em séries. Depende, no fundo, da qualidade dos mesmos.

Existe algum livro ou autor específico que estejas sempre a recomen­dar?
Sim. George R. R. Martin, sem reservas (mesmo para quem diga não gostar de fantasia). E Haruki Murakami, embora acrescente sempre que o seu estilo, sendo peculiar, pode não agradar a todos.

Como é que organizas os teus livros?
É assim, tenho vindo a reparar que a minha estante está a ficar muito pequena de há uns meses para cá. Organizo da seguinte forma. Uma prateleira tem os livros que eu tenho em lista de espera para ler, outra tem livros que achei medianos/fracos, e a prateleira principal tem, é claro, os meus predilectos. Organizados por autor.

Partilhem este questionário pelos vossos blogs, e divulguem na caixa de comentários os links para que também possa ver as vossas respostas!

Tiago

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Crítica - "O Deus das Pequenas Coisas"

Título: O Deus das Pequenas Coisas
Autora: Arundhati Roy
Tradutora: Teresa Casal
Editora: Edições ASA
Nº de Páginas: 277
Preço Editor: 1€ com a revista Sábado

Sinopse: «Rahel, uma menina de sete anos, vive com o seu irmão gémeo, Estha, e a sua mãe, Ammu, divorciada de um bengali, numa pequena cidade, Ayemenem, do estado indiano de Kerala. Completam a família, que vive com dificuldades e penúrias, a avó, o tio e a tia-avó. Têm uma fábrica de pepinos em conserva que gera um conflito com os comunistas. A família espera a chegada de Sophie Mol, a prima meio inglesa das gémeas. Ammu viverá um fatídico amor louco pelo intocável Velutha. São as histórias de uma saga familiar que se desenrola numa época conturbada, de profundas e traumáticas mudanças na sociedade indiana.»

Numa leitura que foi perturbada por alguns momentos menos pacíficos na minha vida, como duas viroses seguidas, e uma semana intensa de testes e de preparação para uma estreia de teatro, «O Deus das Pequenas Coisas» foi lido com uma falta de ritmo única nas minhas leituras no decorrer deste ano de 2010. É o único romance escrito até hoje por Arundhati Roy, e tem como pano de fundo a Índia - actual, e dos anos 60. Um livro que, por si só, tem um ritmo um pouco estranho e desiquilibrado, o que acabou por não me agarrar assim tanto á leitura como desejaria.

Apresenta-nos um cenário que tem beleza natural,e intensidade dramática. Esta convivência entre Tocáveis e Intocáveis, estas leis culturais que tanto discriminam certas populações, são analisadas de perto. A protagonista e o seu irmão gémeo, Rahel e Estha, arranjam denominações para tudo o que conhecem, joguinhos e brincadeiras de palavras, que rapidamente passamos a conhecer logo nas primeiras páginas do romance. Como por exemplo gostaremd e ler as palavras de trás para a frente - ed sárt arap a etnerf. Ou de as Se Pararem, ou de nelas colocarem-hífenes. Adorável.

Com esta narração muito própria, que de certeza deve ter dado bastante trabalho à tradutora, Arundhati mostra-nos um mundo de emoções pelos olhos das crianças, um mundo cruelmente adulto numa sociedade em que os direitos infantis ainda não eram tão respeitados. Sentimentos são explorados, como a vergonha, a inveja, a alegria, o medo... neste olhar diferente para a Índia, país acerca do qual fiquei a saber mais algumas coisas.

No fundo, fica marcada essencialmente a escrita da autora. O carinho com que lidamos com os gémeos. Mas fica a vaga sensação de que o enredo poderia ter sido ainda mais aproveitado, explorado um pouco mais no final. Um-livro-que-se-calhar-podia-ter-sido-ainda-melhor. Contudo, uma agradável leitura - que nos faz olhar para as pequenas coisas.

Personagens Preferidas: Rahel e Estha. A léguas de distância das seguintes. Talvez Ammu... talvez Sophie Moll...

Nota (0/10): 7 - Bom

Tiago

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Resultados do passatempo «333»!


Em primeiro lugar queria já deixar aqui um muito obrigado à Porto Editora, porque se não fosse o apoio dela na cedência deste exemplar do livro, o passatempo não teria sido possível! Desta vez tivémos um total de 72 participações, o que acaba por ser positivo atendendo ao facto de o livro não ser propriamente uma novidade - já saiu há uns bons meses para o mercado! Todos os participantes acertaram nas respostas correctas! Acedi ao site Random.org para o vencedor ser escolhido ao acaso, e o número da participação que me deu foi equivalente à participante...

Maria Isabel Magalhães, do Grijó!

Muitos parabéns à vencedora - desejamos-lhe desde já uma excelente leitura deste romance! Para todos os restantes participantes, renovo o apelo de não desanimarem, porque a sorte pode um dia ser-vos sorridente. Aos que ainda assim continuam curiosos neste livro, 333 de Pedro Sena-Lino, deixo aqui a informação de que o autor estará presente na Feira do Livro de Lisboa no dia 16 de Maio, já este Domingo, onde poderão adquirir o livro e tê-lo logo assinado!

Obrigado por participarem! Voltem sempre ao Lydo!

Tiago

domingo, 9 de maio de 2010

Os livros que recebi...


Em termos de livros, foi este o rescaldo do meu aniversário. Sem qualquer ordem discriminatória, vou colocar uma pequena opinião acerca de cada um deles.
  • O Espaço Vazio (de Peter Brook) - Livro escrito por um dos encenadores mais reconhecidos contemporaneamente, traz reflexões acerca dos diversos estilos e técnicas de teatro qu existem hoje em dia. É um ensaio, portanto. Apresenta-nos quatro estilos: O Teatro do Aborrecimento Mortal, o Sagrado, o Bruto, e o Imediato. A encadernação é apetecível de ler, e para alguém que gosta tanto de teatro como eu é mesmo irresístivel... curioso para pegar nesta obra!
  • O Outono em Pequim (de Boris Vian) - Esta obra de humor sem sentido era uma das que estava na minha lista de adquirição, desde que foi re-editada este ano pela D. Quixote. O romance parece ser bastante engraçado, pelas primeira spáginas que já li, e tendo eu já actuado numa peça com textos do autor, sei a potencialidade que a sua escrita tem!
  • Dança, Dança, Dança (de Haruki Murakami) - O quarto livro da «Trilogia do Rato» do autor japonês que já é o meu autor preferido, ficará à espera na estante mais um tempo, pois primeiro terei de adquirir «Em Busca do Carneiro Selvagem». Mas só de olhar para a capa, de folhear, posso sentir a magia que corre naquelas páginas...
  • Odes (de Ricardo Reis) - Já li Fernando Pessoa Ele-próprio, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos... falta-me Ricardo Reis, dos três principais heterónimos poéticos. Tenho agora a oportunidade, com estas duzentas páginas de odes, de tomar contacto com a poesia desde outro ser, que tinha como casa a mente do nobre Pessoa.
  • Os Miseráveis (de Victor Hugo) - Nesta edição em três volumes, tenho presente um dos clássicos mais conhecidos mundialmente, tantas vezes adaptado para musical e teatro. Grande como é, talvez o guarde para uma altura de férias... ou não, que isto com as leituras lê-se é quando apetece. Uma coisa é certa: estou curioso para saber o que me espera nesta aventura de, no total... novecentas páginas de letra minúscula!
  • A String of Flowers, Untied (de Murasaki Shikibu) - Sei que é uma história contada em poemas japoneses, mas de todos os livros que recebi é o mais misterioso. O que quero dizer com isto é que, olhando para ele, tenho a sensação de que ainda não compreendi a essência do me trará realmente este livro... será caso para me debruçar sobre o assunto daqui a uns tempos.
  • Flashforward (de Robert J. Sawyer) - Outro dos livros que esteve na minha lista, é a versão literária que foi adaptada para televisão na série que anda por aí nas bocas do mundo. Ouvi dizer que o livro é bastante melhor que a série, pois explora mais o lado humano das situações. Estou curioso, claro está.
E pronto, foi isto. E a lista vai acumulando, acumulando, e cada vez tenho a prateleira dos Livros-Para-ler mais cheia... :)

Tiago

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Ida à Feira do Livro de Lisboa!


No dia 2 de Maio, no passado Domingo, a Sara e o Tiago da equipa aqui do blog foram fazer a sua primeira visita à edição deste ano da Feira do Livro de Lisboa. A título de curiosidade, acompanhou-nos também a Patrícia do blog Árvore dos Livros. Começámos a nossa visita pelo lado direito de quem sobe o parque - consequentemente, pela zona da Porto Editora. Encontrámos a nossa já conhecida Inês Botelho, e a Sara aproveitou para adquirir "O Passado que Seremos". A Inês trocou algumas palavras connosco e ainda o autografou o livro da Sara, seguidamente de algumas fotografias.



Continuámos a nossa visita subindo pelas bancadas, primeiro de uma série de alfarrabistas, e atingindo a meio da subida um dos nossos mais ansiados stands: a Saída de Emergência. Estavam lá três autores da colecção TEEN a autografar as suas obras. A Sara não resistiu a perguntar a uma das senhoras da editora quando voltaria George R. R. Martin a Portugal - respondeu ela que provavelmente, quando George Martin terminar de escrever o quinto da saga, viria a Portugal. O prazo dado foi entre um a um ano e meio...!


Entrámos no Espaço Leya, o mais cheio da Feira. Tinha mesmo demasiada gente, sendo difícil avançar lá dentro, e visitar os pequenos pavilhões com os livros. A Sara adquiriu, no stand da Nova Gaia, as obras «Avatar» e «Necromancia», de Frederico Duarte, por apenas 5 euros cada uma! Não era um desconto do dia, parece mesmo que este preço vai manter-se durante todo o evento... aproveitem! Minutos depois, ainda na Leya, trocámos algumas palavras com a autora Rita Ferro, que demonstrou ser bastante simpática e acessível - ocorreu-nos, aliás, a ideia de a virmos a entrevistar para o blog!



O lado direito da Feira para quem desce estava menos movimentado, mas nem por isso menos animado! Assistimos a um bocadinho da sessão de autógrafos da Bruxa Mimi, que animava as crianças! Filas enormes para conseguir um autógrafo e trocar umas palavras com José Luís Peixoto... queríamos ter tido tempo, mas não deu. Existia um livro gigante no chão, em forma de colchão insuflável, com que nos divertimos!



Depois de uma busca árdua entre os alfarrabistas do livro "O Crime do padre Amaro", que a Sara não adquiriu por não encontrar nenhum a um preço que conseguisse (já gastara tudo o que trouxera), decidimos ir embora. De fazer referência ao facto do Tiago ter conseguido não comprar nada - não o fez pois iria fazer anos na terça, e queria ver primeiro o que recebia! É por esta e por outroas razões que tencionamos voltar, pelo menos mais uma vez, à edição deste ano da Feira! É imperdível, e o ambiente é fantástico...



Tiago e Sara

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Passatempo - 333


Começa hoje o passatempo no Lydo e Opinado! Temos para oferecer, em conjunto com a Porto Editora, um exemplar do romance 333 de Pedro Sena-Lino! Tens agora a oportunidade de ter em tua casa e de leres o livro escrito pelo formador de escrita criativa cuja entrevista colocámos em exclusivo no Lydo no Sábado, e a qual podes ler!

Para ganhares o exemplar terás apenas de responder às 3 simples perguntas que temos no formulário abaixo, duas delas referentes a este breve excerto das primeiras 13 páginas do livro, e a terceira... a terceira é quase uma oferta de tão fácil que é responder!

O passatempo está aberto até ao próximo Domingo dia 9, e apenas pode participar uma pessoa por residência. Aceitamos participações apenas dentro do território de Portugal (Continente e Ilhas), e o vencedor será sorteado entre os participantes que responderem acertadamente às questões! Tenta a tua sorte, não custa nada!

Já passou a data limite de participação!

sábado, 1 de maio de 2010

Entrevista Exclusiva a Pedro Sena-Lino!


Dia 1 de Maio pode ser o dia do trabalhador na sociedade civil, mas aqui pelo Lydo e Opinado o que realmente festejamos é a entrevista exclusiva a Pedro Sena-Lino! Formador de escrita criativa, ensaísta e romancista, o autor disponibilizou-se a responder às perguntas que lhe propusemos. Temos vindo a aprender que, cada entrevista que realizamos, recebemos estilos de resposta muito diferentes, mesmo na própria forma de escrever dos entrevistados... esta encantou-nos pelo recheio de metáforas e elementos criativos e estílisticos que a povoam.

Pedro, desde que idade vem a paixão pela escrita? Começou a escrever histórias logo em criança?
Acredito que a escrita não é uma opção - mas que é a escrita que se escreve na vida e no destino de cada um. Cada pessoa deveria escrever, para si mesma, antes de qualquer outra coisa, como espelho permanente e reconfigurador. Foi isso que comecei a escrever, a notar o meu interior, a fixar o meu imaginário, desde pequeno. A primeira coisa longa que escrevi, para além dos habituais poemas de amor borbulhentos, foi uma História de um continente imaginado, que durou durante dois séculos. Tinha treze, catorze anos, e a vida já me doía mais que o corpo a crescer.

As profissões com que sonhava ser, em criança, aproximavam-se já da área que acabou por optar?
Nunca sonhei ser nada. Penso que cresci sempre em tensão entre o hoje e o nunca. Não estou a ser literário. Mas percebi, depois de muitos livros, música, terapia, cigarros e paixões, que cresci sempre com um pé no mundo e outro não sei bem onde. Por isso talvez nunca tenha realmente querido ser nada. Mais tarde quis ser muitas coisas, mas a infância e a adolescência são tempos incumpridos e lineares dentro do próprio corpo. A esta hora, quando respondo a esta entrevista, tenho 19 anos.

O Pedro é professor de cursos de escrita criativa. Existe, digamos, uma certa separação entre as aulas que dá e a própria aplicação pessoal enquanto escritor?
Absolutamente não, lateralmente sim: nas aulas eu procuro ser como o narrador ideal, que não existe, mas é a ponte entre as personagens e o leitor. Estou lá, sabem que eu existo, mas procuro ser uma espécie de maestro, a suscitar em cada um a voz que interpreta a sua própria pauta a ser inventada. Quando apareço como escritor, é apenas para dar exemplos vividos, para mais uma vez ser útil na própria experiência.

Por outro lado, o processo que procuro desencadear no curso, através de objectivos e ferramentas teórico-práticas precisas, é naturalmente o resultado de processos pessoais.

Mas a união das duas respostas está na certeza de que nenhuma frase ou verso são vivos se não significarem um percurso pessoal interior de quem os escreveu.

Tem uma rotina regular de escrita (horários…), ou só o faz quando tem tempo/lhe apetece?
Escrevo todos os dias, sempre para mim: o mundo é imenso, nos dois braços que tem, o visível e invisível, e eu sou um “bicho da terra tão pequeno”: preciso de escrever encontrando o meu caminho no mundo. Mas os projectos em si é que me convocam. Vivo dentro deles, mais dando o que tenho do que fisicamente escrevendo, dando-lhes espaços no cérebro, na alma, até no corpo todo. Quando surgem, são torrenciais. Quando a poesia chama, procuro ouvir; quando a arquitectura da cidade de um romance surge, como não sei desenhar, vou visitar outras cidades, para aprender a fazer os edificíos que me convoca.

Gosta de ouvir música ambiente ou enquanto escreve, ou prefere o silêncio?
Os meus pulmões da alma são música (os do corpo, cigarros). Cada projecto escolhe a sua banda sonora. Mas eu realmente vivo dentro de algumas sinfonias, ou concertos, ou sonatas, e isso é altamente desagradável quando se ouve ao vivo, porque saio da sala de espectáculos absolutamente nu, e o que me vale é a profusão de casacos de pele para me tapar.

333. Quem não conheça a obra talvez possa ficar intrigado com este número no título… consegue lembrar-se de onde surgiu a ideia para a criação do romance?
333: sobre a pergunta anterior, ainda, foi totalmente escrito na Sonata para Piano de Liszt, por Ivo Pogorelich. Um quadro na Gemaldegalerie de Berlim fez o resto. Surgiu quando imaginei aquele livro e o seu número de edições, e visualizei três triângulos ligados, movendo-se imparavelmente uns para dentro dos outros. Uma espécie de threesome místico, como o da Trindade: mas isso Bento XVI não nos deixa dizer.

Como leitor, o que o levaria a comprar o seu próprio romance?
«Como é que este gajo, desta tralha místico-gasosa, vai fazer surgir um romance interessante que fira em tantos pontos?»

Gosta de procurar críticas às suas obras na imprensa, em blogs? Se sim, acha que a recepção ao 333 foi positiva?
Nunca me interessou, na verdade. O que me interessa é a reacção de cada pessoa: por isso, quando encontro leitores, peço sempre que me digam o pior e o melhor. A obra de arte é para servir, e para servir tem de ser sempre refeita. Os seres humanos estão sempre a ser recriados, pela vida, pelo contacto uns com os outros: a obra de arte, como ser vivo, implica-o e pede-o.

Como crítico que fui (mais do que hoje) e sou (menos que ontem), sei que a crítica pode iluminar contextos da obra e portas de saída múltiplas. Isso o que me interessou fazer como crítico, os grandes umbrais das obras: onde se firmaram, para onde levam. Tudo o que estiver fora disso, como leitor, interessa-me como folclore.

Enquanto leitor, quais as suas obras preferidas, ou as que mais o marcaram?
Que espaço tenho no blogue?

O que me marcou tirou-me as escamas dos olhos, como São Paulo a caminho de Damasco. Tantas coisas, muitas que fazem tão parte de mim que não me lembro. Mas muita poesia portuguesa e francesa, Thomas Mann e Rainer Maria Rilke, muitas obras de História e de espiritualidade, a areia da praia depois de todas as viagens da alma, os olhos do amor.

Todos os bons escritores têm de ser, em primeiro lugar, bons leitores. Consegue explicar porque é que esta afirmação é verdade? Ou será possível, por exemplo, existir um bom escritor que não leia?
Se a escrita escolhe, é possível escolher quem não leia. Mas em certo momento, a serpente santa da leitura morde sempre o autor. Lemos porque há outros planetas, que influem no nosso corpo como certezas mais físicas e antigas do que a sua própria existência.

Nas próximas perguntas queríamos explorar um pouco mais essa arte que é a Escrita Criativa: essa área lida só com o desenvolvimento e surgimento das ideias em si, ou também entra nos domínios da técnica literária?
No meu curso, dado na Companhia do Eu, planificado depois de pesquisa, prática e trabalho a partir dos cursos dados há dezenas de anos nos EUA, procuro sempre uma componente teórica (o chão técnico do trabalho) e prática (divertida, recriativa, questionadora). Recriar-se e recrear-se. Quem não se (re)escrever, não chega a lado nenhum.

Qual é a diferença, se é que a há, entre um autor que tenha frequentado aulas de escrita criativa, e um que não tenha?
Na prática, zero. Mas zero à direita de um é dez. Mais do que técnicas, estímulos, objectivos, resultados, que são torrenciais se a pessoa for generosa consigo mesma, é a resolução de dois dos maiores problemas da literatura portuguesa: um sebastianismo umbiguista, em que cada autor com reconhecimento se acha a «última bolacinha do pacote», como diz uma amiga brasileira, e vive de costas voltadas para os outros e refugiado no grande planeta oco do seu génio; e a falta de uma comunidade viva e partilhante, falta de cultura de corte, resultado do rectângulo obeso que é Portugal: aqui, nos cursos da Companhia do Eu, escreve-se com outros, ouvem-se os outros, aprende-se com os outros e se sobe escrevendo levando os outros atrás. Quem não fez isso, encontrou uma grande porta à saída, ou já várias vezes a mostrei.

Uma pergunta talvez difícil, mas sendo o Pedro formador da área… de onde vem a criatividade?
É um processo puramente cerebral, e por isso, absolutamente misterioso, ainda. Mas pode ser estimulada em pura ginástica cerebral entre dois hemisférios, e quebrando associações habituais. É por isso que as paredes da Companhia do Eu estão a ser estudadas por neurologistas e cientistas atómicos.

Um dos temas que vamos dar destaque no blog este mês é o contacto entre autores e leitores a que se assiste nestes dias nomeadamente através de tertúlias literárias, ou em redes sociais na internet. Essa relação é favorável, ou ambos os lados ficam a ganhar com um certo distanciamento?
Depende, se quiser conhecer o seu funcionário das finanças ou o seu homem do lixo. Ser escritor é uma missão e uma profissão, ponto. Estamos a servir os processos absolutos de quem lê. A utilidade desses contactos é essa. E depois sempre senti, sempre soube, que cada escritor não é, está.

Tem projectos na manga para um futuro próximo? Mais livros de Escrita Criativa, um novo romance…?
Tenho projectos para ambas as coisas, mas são ambos puramente adultéricos: agora estou num doutoramento tórrido com uma escritora do século XVII, e dedicar-me a isso totalmente é como uma facada nesta espécie de matrimónio. Mas como acredito que interessa resgatar o substrato celta da nossa cultura, em que a fidelidade era bem diferente, talvez aconteça alguma coisa ainda este ano.

E pronto, cá está! Esperamos que a entrevista tenha sido do agrado dos nosso leitores... ao Pedro, desde já, o nosso sincero agradecimento pela sua disponibilidade - e o desejo de muito sucesso na área a que se dedica com tanto gosto! Quanto a todos os que apreciaram a entrevista, talvez estejam muito provavelmente interessados no passatempo que o Lydo trará na segunda-feira... o livro 333, do autor entrevistado!

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