sexta-feira, 16 de abril de 2010

Crítica - Pinball, 1973

Título: Pinball, 1973
Autor: Haruki Murakami
Tradutor: Alfred Birnbaum
Editora: Kodansha English Library
Nº de Páginas: 179
Preço Editor: -

Sinopse: The second book in the "Trilogy of the Rat" series, it is preceded by Hear the Wind Sing (1979) and followed by A Wild Sheep Chase (1982).
Very much a continuation of Hear The Wind Sing with the familiar site (J's bar) and characters (J and Rat). The novel is a collage of everyday episodes of the single 24-year-old Tokyoist, his disinterest in his translation job, his asexual relationship with the twin sisters 208 and 209, and his half-estrangement from social world. He oscillates between ceaseless pursuit of interests (midnight visit to Pinball machine) and resignation (painless farewell to the twins), and at times emerges from the cool, semiotic space of his apartment to bath in the autumn light.

Falar da experiência que é ler Haruki Murakami para quem nunca o leu é complicado, talvez porque até hoje não encontrei outro autor a quem o pudesse comparar. Imaginem o quotidiano japonês, a vida normal e real com personagens normais e em tudo iguais a nós (com as próprias variantes culturais). De repente entra Murakami em cena, despeja um saco de elementos surreais e alternativos por cima da vida - por exemplo, mulhares enigmáticas, telefonemas anónimos, desaparecimentos de pessoas e objectos, gatos e poços por todo o lado, etc, etc - e, o mais incrível, é que a personagem principal lida com isso com a maior das naturalidades, como se já o prevesse. É este o universo de Realismo Mágico do senhor Haruki Murakami. Um mundo de muitas perguntas que não procuram sequer resposta.

Tal como em todos os livros que li dele (excluindo o de não-ficção, do seu Auto-Retrato), é esta a paisagem de fundo nas suas obras. Em Pinball, 1973 seguimos as mesmas personagem que tinham sido introduzidas no primeiro livro do autor, Hear the Wind Sing: o narrador presente sem nome, J, e O Rato (por sua vez este último dá nome à trilogia, de quatro livros, em que este se insere). Neste em particular temos uma divisão da novela em duas frentes: a do narrador, e a do Rato. Estão separados geograficamente, embora não tenham esquecido a sua amizade. O primeiro sofre os efeitos da onda surrealista de Murakami, ao mesmo tempo que procura por uma determinada máquina de Pinball na qual se viciara depois de um acontecimento muito mau na sua vida; e O Rato, coitado, tem um ataque de tristeza e solidão, e numa odne de melancolia explícita (rara em Murakami) prepara-se para tomar uma decisão importante da sua vida.

É neste equilíbrio que se desenrola a acção. Quis-me parecer, no entanto, que apenas na segunda metade é que finalmente Murakami encontra o seu estilo, ao fim de livro e meio escrito. E, devido à diminuta extensão da obra, ficamos com a sensação de que, quando estava a começar realmente a melhor parte e o melhor ritmo, é que termina. De resto, temos três elementos do livro que me chamaram especialmente a atenção: As Gémeas; O armazém das galinhas; e as cenas no bar do J. Não me alongo mais em relação a isso, para quem não leu não faria muito sentido.

Concluindo, este é um livro já tipicamente murakamiano, com a atmosfera típica, a qual nos prende, e que quando saio dela só me dá vontade de escrever, como se me tivesse enchido de inspiração. Todo o livro tem uma musicalidade que não me passa despercebida, um ritmo muito próprio. Mas Haruki insiste em não o publicar fora do Japão, sendo que a suposta justificação é que o considera, assim como ao primeiro livro, trabalhos de «natureza inferior». Este Pinball, 1973 já está longe de ser inferior. É uma opcção cara, mandar vir de lá os livros, e apenas compensa a quem já experimentou e gostou do estilo. A mim, já me conquistou há muito.

Personagens Preferidas: As Gémeas. E J prende-me, de alguma maneira.

Nota (0/10): 8 (Muito Bom)

Tiago

2 comentários:

Anónimo disse...

hello... hapi blogging... have a nice day! just visiting here....

Sofá Amarelo disse...

Já li Murakami - não esta obra - e achei-o um autor complicado, ainda por cima fala de uma cultura que - quer queiramos ou não - é diferente da nossa.

Mas ler um autor difícil também é um desafio e tem as suas recompensas.

Obrigado pela sugestão. O maior abraço!!!

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