terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Crítica - Adeus, Tsugumi
domingo, 27 de novembro de 2011
Crítica - 1Q84
A obra intercala capítulos narrados pelas duas personagens principais: Aomame, e Tengo. Tenho uma opinião muito clara... na primeira fase do livro, os capítulos dela são muito mais fortes que o dele. O que não significa que as coisas não mudem de figura mais à frente. Sentia até um certo anti-clímax quando chegava a um capítulo de Tengo: "pronto, meia-hora sem Aomame".
Os cenários que Murakami cria são fabulosos porque nos levam para lá. A magia respira-se com facilidade. Destaco a cena da estufa das borboletas. Os diálogos entre as personagens são óptimos, fluem com uma consistência assustadora. E, de tão naturais são, que conseguem mexer com as nossas emoções, ao ponto de me fazerem rir tantas vezes. Esta é uma característica que me interessa muito em Murakami. O ambiente é de realismo fantástico, respira-se magia, mas magia sóbria: e, no entanto, consegue fazer-me rir tantas vezes. Destaco como exemplo o ensaio para a conferência de imprensa!
Depois desce às zonas mais profundas. A violência doméstica, por exemplo. As seitas religiosas e o mistério que criam à sua volta. Aventura-se pelos caminhos do que é realidade e do que é imaginação. É difícil fazer ver a minha opinião: com Murakami é particularmente difícil. A tradução é envolvente e torna a obra de leitura extremamente agradável: o trabalho conjunto de Maria João Lourenço e de Maria João da Rocha Afonso resulta numa harmonia digna de nota - uma harmonia murakamiana que já é tão típica para os leitores portugueses.
No entanto, e apesar de todos estes pontos positivos, e apesar de uma parte de mim ter ficado a morar naquele universo enquanto aguardo pelo lançamento do volume 2 para Março, e apesar daquele mundo ter tanta coisa interessante por contar, não foi uma experiência de imersão tão forte como já tive em alguns outros livros dele. Talvez por não se cravar de forma tão funda no universo das não-explicações. Talvez por abordar temáticas demasiado reais como a questão das seitas e da violência doméstica. Talvez pela insuficiente exploração do lado solitário das personagens... não sei, mas Aomame e Tengo não me conquistaram totalmente. Fico à espera do próximo com o entusiasmo em níveis altos, mas... mas...
É difícil falar de 1Q84 mas é fácil ler 1Q84. Somos levados a passear por uma Tóquio alternativa, viva, não tão vibrante como a de After Dark, mas ainda assim entusiasmante. Temos as cenas de ternura elevadas ao expoente máximo, como a leitura de Tchékov em voz alta. Temos as cenas de fazer crescer água na boca, como o jantar no restaurante de luxo. Temos personagens de todos os géneros e feitios, uma obra verdadeiramente diversificada neste aspecto! E uma linguagem que nos remete constantemente para imagens ilustrativas dos pensamentos das personagens... ficamos perturbados pelo comportamento de algumas delas. O mistério é outra das componentes, mas não gosto de associar essa palavra à obra do autor, parece-me sempre demasiado redutor. Duas personagens que passam para lá da linha do razoável e vão parar a não sabem onde, sem saírem do sítio. Já não estamos em 1984.
Nota (0/10): 8 - Muito Bom.
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Girl with a Pearl Earring - Crítica
Sinopse: "When Griet becomes a maid in the household of the seventeenth-century painter Johannes Vermeer, she thinks she knows her role: housework, laundry, and child care. She even feels able to handle his shrewd mother-in-law, his restless wife, and their jealous servant. What no one expects is that Griet's quiet manner, quick perceptions, and fascination with her master's paintings will draw her inexorably into his world. Their growing intimacy sparks whispers: and when Vermeer paints her wearing his wife's pearl earrings, the gossip escalates into a full-blown scandal that irrevocably changes Griet's life. Witten with the precision and focus of an Old Master painting, Girl with a Pearl Earring seamlessly blends history and fiction into a luminous novel about artistic vision and sensual awakening."
1664 é o ano em que tudo começa. Conhecemos Griet, uma rapariga simples de dezasseis anos que tem uma família unida e pacata. No entanto, nem sempre tudo corre bem. O seu pai, um homem dotado de jeito para a pintura, perde a visão e as coisas mudam radicalmente: este fica sem emprego e o dinheiro começa a escassear. É neste ambiente que Griet se vê obrigada a ir trabalhar para casa de um pintor bem conhecido e falado, para poder ganhar alguns trocos para a sua família que quase morre de fome. Sentindo-se responsável por eles, Griet vai para lá um pouco contrariada. É aí que toma contacto com pessoas novas e também um estilo de vida novo. Para ela, muitas coisas vão mudar. Mas nem todas as mudanças vão ser boas.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Atenção: o Lydo e Opinado é incredível
terça-feira, 8 de novembro de 2011
Crítica - O Senhor Juarroz
domingo, 6 de novembro de 2011
O Senhor dos Anéis: A Irmandade do Anel - Crítica
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Crítica - Norwegian Wood
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Crítica - Sunset Park
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Crítica - Livro
Agora, e sejamos sinceros: com a volta que o livro dá no último terço do romance, tudo o que ficou para trás parece um mundo à parte. E o que José Luís Peixoto faz com a parte final deste Livro é o que mais fica guardado na minha memória de leitor. A primeira parte da história acaba por ganhar um ritmo e uma envolvência própria, interessante, bonita, e que no fim temos alguma pena de abandonar. A liberdade que o autor entrega a si próprio é bem usada, e as palavras fluem como natureza rural. Acho que é isso o pretendido. Mas, como já disse, tudo isto parece pintura impressionista; lado a lado com um abstraccionismo-futurismo-surrealismo-dadaísmo que nos é dado a provar nas últimas páginas!
Não quero entrar em revelações. Digamos apenas a recta final deste Livro é um quebrar de barreiras. Esqueçam o enredo, não é disso que se trata. Não é uma reviravolta impressionante no rumo dos acontecimentos. É uma reviravolta impressionante noutro sentido. É a liberdade de um autor levada a um extremo interessante, presenteando a literatura com noções de interactividade, aproximação da relação autor-leitor, transgressão das dimensões que temos como cânon dos livros. Excelente, pela ousadia.
No geral, é uma leitura muito agradável, interessante e espantosa a partir de certo ponto, que consegue encontrar um equilíbrio e uma fluidez no meio de tanto livre arbítrio. Livro é um bom livro, e outra coisa não seria de esperar pelo próprio título, certo? José Luís Peixoto subiu na minha consideração alguns pontos, e não foi o último livro que li dele. Isto, embora continue a não me impressionar por aí além - está certo que certas ideias, passagens, e na fluidez, é verdadeiramente característico. Ainda assim há um qualquer entrave que comigo não entra por completo.
Nota (0/10): 8 - Muito Bom
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 2011: Tomas Tranströmer
sábado, 24 de setembro de 2011
Alice no País das Maravilhas - Crítica
Autor: Lewis Carroll
Editora: Visão
Tradução: Vera Azancot
Páginas: 93
Sinopse: "Lewis Carroll, pseudónimo do professor de Matemática Charles L. Dodgson, revelou-se como autor de histórias para crianças em que a imaginação, o humor e o nonsense imperam e nos transportam para um mundo onde tudo pode acontecer. Em Alice no País das Maravilhas, narrativa aberta a múltiplas interpretações, podemos acompanhar as aventuras extraordinárias da menina que fala com reis do xadrez, coelhos brancos, reis e rainhas de cartas, tartarugas, porcos, gatos, chapeleiros loucos... Ficando a certeza de que esta ficção insólita, além de proporcionar uma leitura divertida, suscita profundas interrogações."
A partir do momento em que me tornei fã do filme Alice no País das Maravilhas da Disney - apesar de, quando era pequenina, sempre ter sido um filme que me assustava -, quis ler este livro. Depois apareceu também o filme do Tim Burton que, ainda mais obscuro que o da Disney, também me cativou bastante. E digo mais obscuro que o da Disney porque, apesar de ser um filme cheio de cores, o da Disney tinha o gato, os gémeos, a história das ostras, a lagarta e a Rainha de Copas que me faziam tremer no sofá quando era pequena. Mas sempre foi uma aventura ver aquele filme, não haja dúvida.
É por isso que, ao abrir o livro e deparar-me com uma coisa completamente diferente do que estava à espera, fiquei decepcionada. Ao longo de toda a obra, não consegui imaginar o mundo cheio de cores que o filme nos traz à cabeça. A partir da escrita e das descrições de Lewis Carroll, imaginei sempre Alice presa num pesadelo a preto e branco. Para além disso, não consegui tirar um único significado de cada capítulo que ia passando. Sim, é um escritor de nonsense, mas aqui ele exagera demasiado nas coisas sem sentido nenhum. São noventa e três páginas sem qualquer sentido, sem qualquer linha condutora da história. Cheguei ao fim sem conseguir perceber se poderia existir qualquer tipo de moral a tirar do livro. Cheguei ao fim aliviada por o ter terminado. E não consegui perceber lá muito bem se esta obra se encaixa nas suas histórias para crianças, pois sinto que algumas partes são demasiado violentas para crianças, se é que me percebem. Penso que, nesse campo, a Disney fez um excelente trabalho ao escolher o que deveria colocar no filme ao não, já para não falar que também tirou partes de Alice do Outro Lado do Espelho, livro que ainda não li mas que temo ler, sinceramente.
Falando na edição deste livro - tinha mesmo de falar -, penso que também é algo estranho. Felizmente, existem imensas notas a explicar os trocadilhos que o autor faz. Mas sinto que algumas coisas não encaixam. Por exemplo, Alice encontra um Grifo. E o que é que acontece? Aparece um parênteses a dizer: "Se não sabes o que é um Grifo, olha para a gravura abaixo". E aparece uma gravura de um Grifo. Penso que nesta situação aquela expressão de «What the hell» se encaixa perfeitamente.
Foi assim, então, que abandonei não o sonho, mas sim o pesadelo de Alice. Pois, para mim, aquele país não continha maravilhas, mas sim armadilhas. E depois desta experiência, penso que vou continuar a adorar o filme da Disney e o filme de Tim Burton.
Personagens favoritas: Nenhuma.
Nota: 4/10 - Razoável
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Crítica - Um Homem: Klaus Klump
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Crítica - A Queda dos Gigantes
domingo, 18 de setembro de 2011
As Horas - Crítica
Autor: Michael Cunningham
Editora: Público
Tradução: Fernanda Pinto Rodrigues
Páginas: 219
Sinopse: "Em As Horas (primeiro título de Mrs. Dalloway), Michael Cunningham utiliza de forma imaginativa a vida e a obra de Virginia Woolf para contar as peripécias de personagens contemporâneas que lutam com as reivindicações contraditórias do amor e da herança, da esperança e do desespero. Segundo o modelo de Mrs. Dalloway, que se centra num só dia de vida da protagonista, o romance começa por evocar os dias anteriores ao suicídio de Virginia Woolf, em 1941, para, pouco depois, abordar a vida de duas mulheres de hoje nos Estados Unidos que tentam realizar-se e ter a vida que sempre quiseram, apesar das exigências de amigos, amantes e família. Clarissa Vaughan é uma editora que vive em Greenwich Village; conhecemo-la quando está a comprar flores para uma festa em honra do seu amigo Richard, um poeta doente com Sida que acaba de ganhar um importante prémio literário. Laura Brown é uma dona de casa da Califórnia do pós-guerra que está a educar o seu filho único e que procura a sua verdadeira vida fora do seu sufocante casamento. Com uma fácil e estranha segurança, Cunningham faz com que, de maneira inesperada e dilacerante, a vida de ambas as mulheres se entrelace com a de Virginia Woolf, no decorrer da festa de Richard. Michael Cunningham atravessa o século XX com uma narração clara, contundente e contemporânea, de um lirismo assombroso. Esta obra emocionante, profunda e comovente representa o melhor de Cunningham até hoje. Com ela o autor obteve os prémios Pultizer 1999 e o prémio PEN/Faulkner do mesmo ano."
Bem, com uma sinopse como esta mal é preciso escrever uma crítica acerca deste livro. Mas eu vou tentar fazê-lo na mesma e vou tentar não repetir as palavras escritas ali acima - o que eu acho que vai ser um bocado difícil, mas aqui vai.
É uma pena já ter visto o filme antes de ter lido o livro. Penso que só este pequeno pormenor estraga grande parte da magia da obra, pois já sabemos tudo o que vai acontecer. Sabendo isto, parti para a leitura da obra sem grande entusiasmo. No entanto, Michael Cunningham surpreendeu-me. Apesar de já saber o desenrolar de toda a história, ele tornou-a deliciosa de se ler. Ele tem um tipo de escrita fácil de compreender, com pensamentos pelo meio que se entranham em nós como se fôssemos as próprias personagens a perguntarem a si mesmas o que estará a acontecer. A partir do momento em que mergulhamos neste livro, conseguimos pôr-nos na pele de cada uma - todas elas diferentes e com as suas características.
Temos, primeiro que tudo, Virginia Woolf. Ainda não li nenhum livro dela, mas tenho ali Mrs. Dalloway para me matar a curiosidade e, sobretudo, entender melhor esta obra. Esta escritora, que tinha uma vida brilhante (tinha uma editora com o seu marido), começou a sofrer de alucinações e grandes dores de cabeça a certa altura. Tudo isso a levou a transformar-se numa pessoa estranha, sempre com medo de tudo e de nada, sempre a pensar em coisas que não cabem na cabeça de ninguém. Um dia, decide-se suicidar. No entanto, antes disso, escreveu Mrs. Dalloway, o tal livrinho que vai mudar a vida de Laura Brown, outra mulher completamente diferente - já para não falar na época em que se encontra. Esta, dona de casa dedicada, é, no fundo, muito mais do que isso. É uma mulher inteligente e com vontade de viver, presa a uma família que, apesar de amar, quer deixar para trás. Esta sua vontade de se libertar de tudo e de todos é, de facto, estranha, especialmente quando se tem tudo aquilo que sempre quis. Mas é aqui que reside a questão: será que chega? Depois existe Clarissa que, de certa maneira, parece ser a personagem principal do livro de Woolf - mas não é. Toda a sua vida também parece perfeita, mas nem tudo o que parece é.
Penso que é esta a parte mais importante do livro: o facto de o autor pegar nas vidas perfeitas de cada uma e estudá-las muito mais profundamente para mostrar a toda a gente que a superfície não é tudo. O resto do iceberg pode esconder muitas coisas - desejos, quereres, medos, paixões antigas. Que, mesmo com uma vida estável e presente, o passado paira sempre à nossa volta; e o futuro deseja-se sempre que seja melhor, mesmo parecendo que já temos tudo. O ser humano é assim, não é?
Michael Cunningham foi capaz de demonstrar que, às vezes, quando achamos que estamos felizes, finalmente percebemos que o estivemos apenas em algumas horas - horas essas que queremos que se repitam, mas que já não vão voltar. Novas virão, mas nunca iguais às anteriores. Porque cada dia que passa algo muda, mesmo parecendo que a nossa rotina é sempre a mesma. E nós só temos que aprender a agarrar essas horas e a viver ao máximo, para depois guardá-las e extrair tudo o que podemos aprender.
Personagens favoritas: Richard, Clarissa, Laura Brown, Virginia Woolf, Vanessa Woolf.
Nota: 7/10 - Bom
sábado, 3 de setembro de 2011
O Braço Esquerdo de Deus - Crítica
Autor: Paul Hoffman
Editora: Porto Editora
Tradução: Mário Dias Correia
Páginas: 393
Sinopse: “A sua chegada foi profetizada. Dizem que ele destruirá o mundo. Talvez o faça…
Escutem. O Santuário dos Redentores, em Shotover Scarp, é uma mentira infame, pois lá ninguém encontrará santuário e muito menos redenção.
O Santuário dos Redentores é um lugar vasto e isolado – um lugar sem alegria e esperança. A maior parte dos seus ocupantes foi levada para lá ainda em criança e submetida durante anos ao brutal regime dos Redentores, cuja crueldade e violência têm apenas um objectivo – servir a Única e Verdadeira Fé. Num dos lúgubres e labirínticos corredores do Santuário, um jovem acólito ousa violar as regras e espreitar por uma janela. Terá talvez uns catorze ou quinze anos, não sabe ao certo, ninguém sabe, e há muito que esqueceu o seu nome verdadeiro – agora chamam-lhe Cale. É um rapaz estranho e reservado, engenhoso e fascinante. Está tão habituado à crueldade que parece imune a ela, até ao dia em que abre a porta errada na altura errada e testemunha um acto tão terrível que a única solução possível é a fuga.
Mas os Redentores querem Cale a qualquer preço… não por causa do segredo que ele sabe mas por outro de que ele nem sequer desconfia.”
Mal abrimos o livro entramos num Mundo negro onde os sorrisos não existem e onde ninguém conhece a felicidade. Thomas Cale, diferente de todos nós e igual a muitos que o acompanham, faz parte deste Mundo. Mas não é um “fazer parte” só por estar dentro dele. Ele é aquele Mundo. Com toda a crueldade e injustiça que foi criado, ele torna-se o lado negro de todas as coisas que imaginamos. No entanto, à medida que o vamos conhecendo, percebemos que é apenas mais um rapaz com a ânsia de viver. E viver, para alguém que nunca conheceu a vida na sua plenitude, é um grande desafio. Para mim, este é o ponto forte do livro: a maneira como Thomas Cale tenta viver a sua vida tão desesperadamente. Rodeado da morte iminente, ele acaba por se tornar a própria morte. Não o faz de propósito, mas é como uma maldição. Qualquer pessoa que toque, qualquer sítio que vá… a morte vai sempre consigo.
Gostei bastante do contraste entre o Santuário e Memphis, a cidade tão cheia de vida e confiança. Mergulhado nestes dois ambientes diferentes, assistimos a uma transfiguração de Cale bastante complexa e interessante de se assistir. Para além disso, mergulhamos numa existência que, a qualquer momento, pode terminar. E, desta maneira, tentamos saboreá-la ao máximo.
Entre várias filosofias da vida, desafios, duelos, provas e alguma paixão, este livro torna-se muito mais interessante do que à primeira vista parece ser. No entanto, sinto que lhe falta algo. A essência está lá, a história tem cabimento e bastante imaginação da parte do autor. Mas falta ali algum ingrediente que, talvez, só venha a descobrir nos outros dois livros que estão para sair. Se isso não acontecer, sinto que esta obra poderia ter muito mais para dar, muito mais para explorar.
Expectante pelo próximo volume, dar-lhe-ei um oito.
Personagens favoritas: Thomas Cale, Henri Vago, Riba, IdrisPukke, Simon, Bosco.
Nota: 8/10 – Muito Bom
Sara
terça-feira, 16 de agosto de 2011
O Evangelho do Enforcado - Crítica
Autor: David Soares
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 358
Sinopse: “Nuno Gonçalves, nascido com um dom quase sobrenatural para a pintura, desvia-se dos ensinamentos do mestre flamengo Jan Van Eyck quando perigosas obsessões tomam conta de si. Ao mesmo tempo, na sequência de uma cruzada falhada contra a cidade de Tânger, o Infante D. Henrique deixa para trás o irmão D. Fernando, um acto polémico que dividirá a nobreza e inspirará o regente D. Pedro a conceber uma obra única. E que melhor artista para a pintar que Nuno Gonçalves, estrela emergente no círculo artístico da corte? Mas o pintor louco tem outras intenções, e o quadro que sairá das suas mãos manchadas de sangue irá mudar o futuro de Portugal.
Entretecendo História e fantasia, O Evangelho do Enforcado é um romance fantástico sobre a mais enigmática obra de arte portuguesa: os Painéis de São Vicente. É, também, um retrato pungente da cobiça pelo poder e da vida em Lisboa no final da Idade Média. Pleno de descrições vívidas como pinturas, torna-se numa viagem poderosa ao luminoso mundo da arte e aos tenebrosos abismos da alienação, servida por uma riquíssima galeria de personagens.”
Esta obra, apesar de ter menos de quatrocentas páginas, tem muito que se falar, sem dúvida alguma. Apesar de estar dividida em várias partes – de uma maneira um bocado estranha, difícil de acompanhar -, sinto que ela está, maioritariamente, dividida em duas partes que não estão assinaladas: Nuno Gonçalves antes de ser pintor e Nuno Gonçalves depois de ser pintor. O livro começa, exactamente, com o nascimento da personagem principal que se torna em algo que ninguém está à espera. A partir daí, várias coisas bizarras acontecem, incluindo a maneira como Nuno Gonçalves consegue retirar prazer das coisas. Esta primeira parte, na minha opinião, é a mais misteriosa e a que dá mais suspanse à obra toda. Depois Nuno Gonçalves muda-se para Lisboa com o pai e é aí que percebe que se quer tornar pintor.
Nesta segunda parte, conhecemos um leque de personagens que, de certa maneira, têm certos capítulos reservados só para si. Alguns percebe-se perfeitamente porquê, outros só se percebem no final. Outros, senti que não tinham qualquer relevância para o livro, ou então não percebi certas partes que o escritor me quis transmitir. É aqui que encontramos os quatro irmãos (pelos vistos ainda há mais um que David Soares não refere): D. Pedro, D. Eduarte, D. Henrique e D. Fernando, cada um com uma característica forte para marcar a sua personalidade. Penso que os capítulos que foram dedicados a estas personagens foram os que eu gostei mais. A partir do momento em que se gosta de História, é impossível ignorar o trabalho que David Soares teve para tornar este retrato da nobreza o mais fiel possível.
Mas o autor não o faz só com a parte histórica. Ele pega em cada página, em cada pequena história que se insere no livro, e torna-a real. Como? Com as suas descrições fantásticas. Neste livro, nada é impossível de imaginar – incluindo os Painéis de São Vicente. Sempre pensei que descrever uma pintura fosse algo impossível, mas a verdade é que David Soares conseguiu ultrapassar a minha teoria. Com isto, todas as outras descrições, de pequenas e grandes coisas, se tornam numa espécie de melodia. Até as coisas mais medonhas e nojentas eu fui capaz de imaginar. David Soares criou uma imagem na sua cabeça e foi perfeitamente capaz de transmiti-la para a minha.
Mas falando agora nos Painéis de São Vicente: o tema principal do livro. É óbvio que Nuno Gonçalves, perturbado desde a sua infância, não vai fazer exactamente como D. Pedro lhe pede para fazer a tal obra. No entanto, apesar de certos elementos que se tornam claros, não percebi o porquê de toda aquela revolta do povo português contra os Painéis. Talvez isto seja falta de informação da minha parte pois, por acaso, nunca me tinha dado ao trabalho de ler algo acerca desta obra misteriosa. Não conheço a simbologia, tal como ninguém conhece, nem as teorias que são postas em prática. Desta maneira, sinto-me uma ignorante em relação a esta parte do livro. Mas também não me posso esquecer que estar na cabeça de uma pessoa do século XV é diferente de estar na minha.
Pois, essa foi outra dificuldade minha: meter-me na cabeça de todas aquelas personagens. Com algumas consegui. Com outras, nem tanto. E sinto que, ainda assim, certos assuntos que foram abordados ao longo da obra não foram devidamente explorados. Falo, especialmente, no Geronte. Mas isso vocês vão ter que descobrir o que é.
Personagens favoritas: Geronte, Maria, Nuno Gonçalves, D. Pedro, D. Henrique.
Nota: 8/10 – Muito Bom
Sara
terça-feira, 26 de julho de 2011
Necromancia - Crítica
Autor: Frederico Duarte
Editora: Metaphora
Páginas: 381
Sinopse: “No lugar onde a vida e morte se fundem: onde a Terra deixou raízes e granjeou sementes; onde a magia dita a realidade; onde a matéria se prolonga no plano espiritual; onde o equilíbrio nasce da instabilidade do quatro elementos da Natureza; onde criaturas fabulosas, espécies híbridas e seres humanos se digladiam pelo domínio supremo; onde um Avatar fará a diferença… O universo conhecerá o seu fatal destino. A realidade sob o grilhão da fantasia!”
Com mais anos de experiência, a escrita de Frederico muda e fica muito mais madura. O que já antes era fácil de ler, agora é mesmo fluente e acompanha-nos como se fosse uma canção na nossa língua. Sem floreados nem nada dessa espécie, é cativante e ajuda-nos a passar as páginas com uma rapidez moderada. O tal tom de brincadeira quase que desaparece, pois neste livro deparamo-nos com uma situação negra: o Universo está a ser ameaçado e pode cair nas garras do mal a qualquer momento. As suas forças estão espalhadas e são poucos aqueles que sabem como o destruir.
Passamos o livro todo neste clima de guerra, de batalha. Mas não é por isso que se torna aborrecido. Muito pelo contrário, penso que Frederico Duarte soube explorar bem as cenas de batalha e tornou-as muito mais emocionantes do que poderiam ser. Estamos constantemente à espera que as coisas se resolvam, mas elas parecem vir sempre a piorar. Conhecemos uma nova faceta de Nova e também novas raças. Deparamo-nos com novas paixões e outras já antigas que se foram desenvolvendo. E, ao contrário do que eu estava à espera, o fim deixa-nos realmente surpresos.
É uma obra muito mais negra que a anterior, sem dúvida alguma. Mas não deixa de ser boa. Deixa-nos com aquela vontade e aquele gostinho para continuar a ler. Só esperamos que Frederico Duarte consiga trazer-nos o terceiro volume para as mãos, pois o Destino do Universo não pode esperar!
Nota: 8 – Muito Bom
terça-feira, 19 de julho de 2011
Capa d' «A Dança dos Dragões»
Divulgada pela editora há minutos. Adoro a capa... A 9 de Setembro nas livrarias. Mal posso esperar!