Título: Livro
Autor: José Luís Peixoto
Editora: Quetzal
Nº de Páginas: 265
Preço Editor: 17,95€
Sinopse: «Este livro elege como cenário a extraordinária saga da emigração portuguesa para França, contada através de uma galeria de personagens inesquecíveis e da escrita luminosa de José Luís Peixoto. Entre uma vila do interior de Portugal e Paris, entre a cultura popular e as mais altas referências da literatura universal, revelam-se os sinais de um passado que levou milhares de portugueses à procura de melhores condições e de um futuro com dupla nacionalidade. Avassalador e marcante, Livro expõe a poderosa magnitude do sonho e a crueza, irónica, terna ou grotesca, da realidade. Através de histórias de vida, encontros e despedidas, os leitores de Livro são conduzidos a um final desconcertante onde se ultrapassam fronteiras da literatura. Livro confirma José Luís Peixoto como um dos principais romancistas portugueses contemporâneos e, também, como um autor de crescente importância no panorama literário internacional.»
A minha única experiência de leitura de um livro de José Luís Peixoto não fora animadora por aí além, chegando mesmo ao ponto de o ter considerado uma desilusão. Na altura, li o primeiro livro que editou. Decidi que, a dar uma nova hipótese (e tinha que a dar, tinha mesmo - José Luís Peixoto, integrado no círculo da nova geração muito boa de autores portugueses), tinha de dar um salto por cima de toda a obra, e vir para o que de imediato ele escrevera. «Livro», lançado há um ano, esperou alguns meses na minha estante. E encontrou neste mês de Outubro o seu lugar.
O livro não me cativou de imediato. O estilo de Peixoto está, definitivamente, ligado a uma certa ruralidade, resultado da sua experiência pessoal na relação com o campo e com a província. E a verdade é que, à partida, literatura rural não me chama muito a atenção. Vou lendo as primeiras páginas, os primeiros capítulos, e uma sensação de desconforto, de não me adaptar ao espaço. Com a coerência narrativa e estilística do autor, contudo, o enredo vai-se tornando mais interessante, e a vontade de prosseguir aumenta.
Agora, e sejamos sinceros: com a volta que o livro dá no último terço do romance, tudo o que ficou para trás parece um mundo à parte. E o que José Luís Peixoto faz com a parte final deste Livro é o que mais fica guardado na minha memória de leitor. A primeira parte da história acaba por ganhar um ritmo e uma envolvência própria, interessante, bonita, e que no fim temos alguma pena de abandonar. A liberdade que o autor entrega a si próprio é bem usada, e as palavras fluem como natureza rural. Acho que é isso o pretendido. Mas, como já disse, tudo isto parece pintura impressionista; lado a lado com um abstraccionismo-futurismo-surrealismo-dadaísmo que nos é dado a provar nas últimas páginas!
Não quero entrar em revelações. Digamos apenas a recta final deste Livro é um quebrar de barreiras. Esqueçam o enredo, não é disso que se trata. Não é uma reviravolta impressionante no rumo dos acontecimentos. É uma reviravolta impressionante noutro sentido. É a liberdade de um autor levada a um extremo interessante, presenteando a literatura com noções de interactividade, aproximação da relação autor-leitor, transgressão das dimensões que temos como cânon dos livros. Excelente, pela ousadia.
No geral, é uma leitura muito agradável, interessante e espantosa a partir de certo ponto, que consegue encontrar um equilíbrio e uma fluidez no meio de tanto livre arbítrio. Livro é um bom livro, e outra coisa não seria de esperar pelo próprio título, certo? José Luís Peixoto subiu na minha consideração alguns pontos, e não foi o último livro que li dele. Isto, embora continue a não me impressionar por aí além - está certo que certas ideias, passagens, e na fluidez, é verdadeiramente característico. Ainda assim há um qualquer entrave que comigo não entra por completo.
Nota (0/10): 8 - Muito Bom
Agora, e sejamos sinceros: com a volta que o livro dá no último terço do romance, tudo o que ficou para trás parece um mundo à parte. E o que José Luís Peixoto faz com a parte final deste Livro é o que mais fica guardado na minha memória de leitor. A primeira parte da história acaba por ganhar um ritmo e uma envolvência própria, interessante, bonita, e que no fim temos alguma pena de abandonar. A liberdade que o autor entrega a si próprio é bem usada, e as palavras fluem como natureza rural. Acho que é isso o pretendido. Mas, como já disse, tudo isto parece pintura impressionista; lado a lado com um abstraccionismo-futurismo-surrealismo-dadaísmo que nos é dado a provar nas últimas páginas!
Não quero entrar em revelações. Digamos apenas a recta final deste Livro é um quebrar de barreiras. Esqueçam o enredo, não é disso que se trata. Não é uma reviravolta impressionante no rumo dos acontecimentos. É uma reviravolta impressionante noutro sentido. É a liberdade de um autor levada a um extremo interessante, presenteando a literatura com noções de interactividade, aproximação da relação autor-leitor, transgressão das dimensões que temos como cânon dos livros. Excelente, pela ousadia.
No geral, é uma leitura muito agradável, interessante e espantosa a partir de certo ponto, que consegue encontrar um equilíbrio e uma fluidez no meio de tanto livre arbítrio. Livro é um bom livro, e outra coisa não seria de esperar pelo próprio título, certo? José Luís Peixoto subiu na minha consideração alguns pontos, e não foi o último livro que li dele. Isto, embora continue a não me impressionar por aí além - está certo que certas ideias, passagens, e na fluidez, é verdadeiramente característico. Ainda assim há um qualquer entrave que comigo não entra por completo.
Nota (0/10): 8 - Muito Bom
Tiago
6 comentários:
Ainda que goste bastante dos seus textos na imprensa, nunca li nenhum livro dele. No entanto, vontade não falta, visto que até gosto bastante de "leitura rural" :)
Gostei bastante desta tua opinião, Tiago!
Jacqueline, acho que devias experimentar. Afinal, é um dos mais falados autores portugueses desta nova geração que referi na crítica. Vale a pena termos uma opinião mínima fundada sobre ele. :)
Tonsdeazul, muito obrigado! :] Já leste algum livro dele?
Tiago não comentei sobre o autor, porque sou fã da sua obra. Tudo o que pudesse acrescentar seria suspeito! :)
Acompanho-o desde o início. Li todos os livros dele, incluindo poesia e teatro, e até mesmo as suas crónicas no JL, não as perco.
O meu preferido é Uma casa na escuridão.
Um abraço
Quando comecei a ler o teu comentário, cheguei a assustar-me :) É que dimensão rural da sua literatura agrada-me imenso :)
"queres ver que o Tiago não gostou e vai dizer mal deste livro?" foi o que pensei mas enganei-me. :)
Para mim, este é um dos melhores livros do novo século na língua portuguesa.
Um abraço
esqueci de dizer que estás a ler um livro magnífico (para mim): Auster, o Murakami da América :)
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