sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Crítica - Morreste-me


Título: Morreste-me
Autor: José Luís Peixoto
Editora: Quetzal Editores
Nº de Páginas: 60
Preço Editor: 12,11€

Sinopse: «Morreste-me, texto que deu a conhecer o jovem escritor José Luís Peixoto, é uma obra intensa, avassaladora e comovente: é o relato da morte do pai, o relato do luto, e ao mesmo tempo uma homenagem, uma memória redentora. Um livro de culto há muito tempo indisponível no mercado português.»

Existem autores que, num mapa mental meu, não me podem escapar num determinado prazo. Há aqueles casos em que digo «até ao fim do ano tenho de ler um dele...», ou então o critério mais geral «um dia tenho de experimentar...». José Luís Peixoto pertencia a esta segunda categoria. Assistira a uma entrevista com ele, na televisão, há aproximadamente um ano, e ficara curioso. Mas com o lançamento recente do seu novo romance - Livro - começaram a chover críticas positivas pela blogosfera. Nomeadamente, que Livro era a melhor obra portuguesa desde O Memorial do Convento, de José Saramago. José Luís Peixoto passou de imediato para a primeira categoria. Queria lê-lo até ao fim do ano. Só que ontem, numa ida à FNAC, deparei-me com a sua primeira obra, «Morreste-me», e não consegui resistir. Trouxe-o, e li-o em pouco mais de uma hora hoje à tarde (longe de mim desistir do Sonho Febril, o qual estou a gostar bastante! Fiz apenas uma pausa de um dia).

Quando as expectativas partem muito elevadas, é normal que se sinta um pouco de desilusão. E foi exactamente isso que senti. O livro, de sessenta páginas, é um relato comovente e pessoal sobre os sentimentos do autor em relacção à morte do pai. É realizada uma viagem, um reavivar de memórias, e vive-se e sente-se a dor. A dor. Ao longo do livro.

Pareceu-me natural lê-lo em voz alta. Um livro como este chama a fazer isso. Li-o, pois, expressando-me conforme as palavras mo diziam para fazer. Já tinha lido que era um livro com muita dor... e isso confirmou-se... mas também tinha lido que esta se entranhava no leitor de forma quase invasiva... e isso não senti. Aliás, achei o relato um pouco distante. Talvez pela minha ainda breve experiência de vida, senti-me um espectador de fora a assistir, e não fazendo parte, como esperava que viesse a acontecer. Não sei se por ser a primeira obra do autor esse sentido pudesse ainda não ter sido apurado na sua escrita. Depois disso escreveu mais 6 de prosa... que tenciono ler.

O ponto alto do livro é a própria escrita: foge às regras. Longe do convencionalismo que se assiste na grande maioria dos livros que lemos, apresenta-nos um estilo de linguagem meio alternativo, sem receios. José Saramago, António Lobo Antunes, valter hugo mãe, Inês Botelho, e agora José Luís Peixoto. Os três primeiros nunca li, embora saiba que apresentam também eles particularidades ao nível da expressão. Agrada-me este modo alternativo de encarar a linguagem!

No fundo fica um sentimento de que li uma narrativa tocante, poderosa na maioria da sua extensão, triste toda ela - mas que, pela elevada expectativa, não me surpreendeu e desiludiu um pouco. O primeiro que José Luís Peixoto escreveu foi o primeiro dele que li. Fica a vontade de ler mais da sua obra, porque sem dúvida estou curioso por o fazer.

Nota (0/10): 7 - Bom

Tiago

3 comentários:

Paula disse...

Olá Tiago :)
Acabei de postar sobre este livro do autor.
Sentimos a sua leitura de forma diferente. Eu envolvi-me e chorei.
Estou curiosa por ler "Livro", já o tenho, mas quero estar livre de tudo para o ler e saborear :)
Abraços

Isabel Maia disse...

Confesso que nunca li nenhum livro de José Luís Peixoto. Talvez no próximo ano, já que tenho mais um desafio na manga que continua a incluir autores a escrever em português.
Quando as autores que referiste, digo-te que não sabes o que perdes em ainda não teres te perdido pela escrita de valter hugo mãe. Eu vou a meio do 2º livro que leio dele, "a máquina de fazer espanhóis", e apesar de o tema recorrente da morte (um tema que me faz uma imensa confusão) estar presente estou a gostar bastante. Lá está, um estilo de escrita completamente diferente, sem maiusculas e os sinais de pontuação reduzidos ao mínimo indespensável.

Boas leituras :)

Gisélia disse...

Li todas as obras de José Luis Peixoto... Só me faltava...

Morreste-me...

Só consigo dizer... ondes estás pai?...

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