Todos os spoilers que a crítica contém estão a meio da crítica, pintados de branco, e é necessário seleccionar com o rato os mesmos. Podem ler à vontade os primeiros dois parágrafos, e o último, que só têm assim uns spoilers muito ligeiros, que não fazem mal a ninguém.
«Todos têm de morrer», é o que diz um provérbio de Westeros, adoptado de terras mais distantes. E, de facto, não foram poucas as personagens que nos deixaram ao longo deste livro. Foram demasiadas, até. E nas circunstâncias menos esperadas, imagine-se! Já me tinham dito que Martin era assim, "cruel", matava as personagens principais com a mesma facilidade com que matava as outras. E eu aceitava, porque era o que via nos livros anteriores. Mas neste... neste, as coisas passaram-se de forma diferente. Neste, passou a ser duplamente verdade.
Esta Glória dos Traidores tem de tudo: momentos para chorar, momentos para rir, momentos para ficar de boca aberta, momentos em que não se consegue deixar de ler até terminar o capítulo, e momentos em que achamos que Martin é definitivamente uma mente brilhante. O encadeamento dos acontecimentos é impressionantemente lógico, ao ponto de um capítulo que aparentemente me pareceu normal no começo do 5º livro (da Sansa, em que conhecemos a Rainha dos Espinhos), vem justificar o facto do Mindinho dizer que foi a própria Rainha dos Espinhos que... quem leu sabe. Uau, foi o que eu pensei. Isto está tudo pensado até ao mínimo pormenor.
Spoilers (quem não leu o livro, NÃO seleccione com o rato os próximos parágrafos! Quem ler, estraga completamente a surpresa ao ler o livro - deixa MESMO de ter piada): Quanto às mortes que se deram, a mais penosa para mim foi a de Catelyn, como, aliás, penso que foi para todos. Em primeiro lugar, ela era uma personagem que acompanhávamos com capítulos a si dedicados desde o primeiro livro. No entanto, ficamos com aquele gostinho de no final ela ter voltado a aparecer... ressuscitada? Foi a grande revelação do fim do livro.Sansa surpreendeu-me neste livro, depois de nos últimos ter tido capítulos mais fraquinhos. Voltou a mostrar que é uma personagem muito particular, nomeadamente no seu último capítulo do livro, em que constrói Winterfell na neve, e quase é atirada da Porta da Lua pela própria tia (que fiquei contente que morresse! a mulher irritava-me tanto...).Jon tem os melhores capítulos do livro, e para mim isso não admite discussão (embora os de Tyrion também tenham sido bastante bons). A batalha travada na Muralha é de longe a cena que mais fica marcada na cabeça, seguida pelos sangrentos casamentos que ocorreram! A própria personagem do Jon também subiu um pouco na minha consideração ao longo do volume, pelas dúvidas que teve de enfrentar.E fiquei contente que o Tyrion tivesse escapado! Eu já estava com medo que ele fosse condenado, ou assim... mas não gostei que tivesse morto nem a Shae, nem o pai. Não me pareceu o tipo de pessoa que fizesse isso. Penso que ele estava um pouco alterado, mas mesmo assim, foi demasiado.E admito que estava à espera de mais capítulos do Bran... e pelo menos um do Theon Greyjoy, se é que ainda está vivo! E, se não fosse pedir muito, mas um ou outro da Daenerys, que três foram muito pouco!A Glória dos Traidores é um livro glorioso, talvez nem tanto para os traidores como o foi para os leitores. A elevar o nome do fantástico mais alto, estas Crónicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin, são uma epopeia emocionante, e da qual ainda muito tenho por ler (e o próprio autor por escrever!). As personagens são perfeitas, e a emoção nunca está ausente. Eu já o disse tantas vezes... mas se ainda não começaram, comecem a ler!
Número de Páginas: 515
Personagens Preferidas (Spoilers!): Tyrion Lannister, Mindinho, Cão de Caça, Arya Stark, Jaime Lannister, Sansa Stark, Brienne de Tarth... etc, etc, etc.Nota (0/10): 10 - Perfeito (não só por este livro em si, como também como prémio pela qualidade da saga no seu global até ao fim do 6º livro)
Tiago