domingo, 17 de agosto de 2008

O Pequeno Incendiário - Crítica

Este é um livro narrado na primeira pessoa, por um miúdo de 11 anos, do qual nunca chegamos a saber o nome. Vive numa família não muito feliz por volta dos anos 50 ou 60, entre Lisboa e Setúbal. No entanto, o autor por poucas vezes consegue colocar-se na pele dessa criança, pelo menos ao nível do vocabulário. Expressões demasiado complexas, naquilo que era previsto ser uma espécie de diário escrito por ele não encaixam com a personalidade do rapaz.

Depois, e talvez ao diminuto tamanho do livro, existe uma trama envolvente que nos é dada, ao nível da lenta exploração das personagens, mas que é abordada de uma forma demasiado rápida. Passam-se dois anos desde o início até ao fim do livro. E, desde já, penso que o Epílogo é um pouco forçado.

No entanto, não deixa de ser um livro acerca de uma criança (que vai deixando de o ser ao longo da narrativa), que contém alguns pedaços deliciosos e outros um pouco menos. As constantes alusões a provérbios, que se encaixam perfeitamente na história, ajudam a salvar a narrativa, que é basicamente um espelho das relações familiares e dos segredos dos adultos em relação às crianças. Intrigas que são criadas na sua cabeça e que se tornam em autênticos mistérios que nos são desvendados a pouco e pouco.

Mas a “narrativa rica e sensorial” que nos é indicada na sinopse poderia ter sido mais explorada, e, não o sendo, O Pequeno Incendiário torna-se um livro profundo que deixa muita coisa por explorar, e que aborda apenas os temas mais superficiais.

Personagem Preferida: São pouco aprofundadas, no geral, mas além do “pequeno narrador”, de quem temos acesso aos pensamentos, destaque para o Ti Serafim e para o seu filho Quim, e para a Dina e para o seu avô.

Nota (0/10): 5
Tiago.

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