quarta-feira, 20 de abril de 2011

Crítica - O Punhal do Soberano

Título: O Punhal do Soberano
Autora: Robin Hobb
Tradutor: Jorge Candeias
Editora: Saída de Emergência
Nº de Páginas: 364


Há livros que, com um pouco de azar, me apanham em alturas nas quais não me apetece ler por nada. Eu, Tiago, pego no livro, quero lê-lo, mas o meu cérebro fez com que toda a vontade se evaporasse. Não sei por que razão, isto acontece-me em momentos específicos do ano, e Março e Abril são terríveis nesse aspecto. Quando acontece estarmos a ler um livro mesmo bom, parece injusto ter sido durante essa leitura que esta falta de vontade surgiu.

Ainda assim, e perante esta leitura d' «O Punhal do Soberano», reconheço e afirmo convictamente que estou perante um dos livros de fantasia mais bonitos que já li. Esta é apenas a primeira metade do 2º volume desta saga, e por isso abstenho-me de fazer comentários definitivos. Mas Robin Hobb tem uma construção de personagens e de enredo que, sendo radicalmente diferente da usada por George Martin, se assemelha em termos de qualidade. Existe nas linhas desta obra uma beleza incrível, difícil de captar por completo.

Uma característica deste livro, que também já tinha registado no anterior, é a acção passar-se de forma lenta. Os acontecimentos não chovem em catadupa... não. Há muitos momentos em que não acontece nada, os dias vão passando, e a personagem principal vai evoluindo, sempre, evoluindo. Não é estática. A sua mentalidade vão sendo modificada, a relação que tem com as outas personagens é movél e dinâmica... e é espantoso como Robin Hobb consegue atribuir a essas evoluções uma velocidade extremamente realista! Muito poucas vezes assisti a um cuidado tão preciso neste aspecto.

Essa lentidão do enredo pode às vezes funcionar no sentido contrário: não dar vontade de ler. Principalmente tendo em conta que o princípio dos capítulos são muitas vezes iguais. Ele acorda, arranja-se, e sai do quarto. Mas no fundo não é esta a nossa rotina? Na minha opinião, há aqui um carácter realista aplicado a este reino dos Seis Ducados que vai para lá do que o leitor poderia esperar!

Espero que com curiosidade e interesse o desenrolar desta história, enquanto assisto entusiasmado aos acontecimentos que se seguirão na segunda metade. Tenho a certeza que a Saga do Assassino vai figurar entre as minhas preferidas... e Robin Hobb está confirmada como uma autora de se tirar o chapéu. Muito bom, fantasia ao melhor nível, com um ritmo um pouco lento mas, no fundo, agradável.

Personagens Preferidas: FitzCavalaria, e o par de personagens mais engraçado que me lembro de ter lido: Paciência e Renda são fantásticas!

Nota: 8/10 - Muito Bom

Tiago

3 comentários:

Cat SaDiablo disse...

Tiago, ataca já a segunda metade, é do melhor que tenho lido! É divinal!
Concordo com tudo o que disseste, a Robin Hobb constrói um mundo de fantasia com grande cuidado com a personagens e o seu desenvolvimento.

Tiago Mendes disse...

Obrigado pela partilha da tua opinião, Cat! Já inicei a leitura da segunda metade, e vou a uma velocidade desenfreada! Para compensar o quase mês e meio que passei com esta primeira parte :)

Nuno Chaves disse...

Gostei particularmente de Lobito (Olhos-de-Noite) que junta a Fitz através da «Manha» e juntos criam laços tão fortes, como dois irmãos que acabam por se tornar, na luta interior do jovem aprendiz de assassino em resistir ao uso da Manha que lhe permite através da mente criar laços com animais, mas extremamente perigoso para quem a usa e proibida no reino dos Seis Ducados.
Não tão intenso como o seu antecessor este livro é de facto o elo de ligação entre o 2º e o 3º Volume (que originalmente são um só), mas fica-se tão entusiasmado com esta história, que é impossivél larga-la, comparo-a cada vez mais as geniais «Brumas de Avalon» de Marion Zimmer Bradley e tenho de concordar com as críticas que dizem que esta história é das melhores fantasias épicas de sempre. concordo plenamente, para quem gosta do género, não será tarefa dificil acompanhar os 5 volumes compoem esta saga. mesmo para aqueles que não apreciam livros de fantasia, esta é uma história à parte, acredito que convença mesmo os mais cépticos. valeu a pena.

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