Autor: Luís de Sttau Monteiro
Editora: Areal Editores
Páginas: 140
Sinopse: "Denunciando a injustiça da repressão e das perseguições políticas levadas a cabo pelo Estado Novo, a peça Felizmente Há Luar!, publicada em 1961, no mesmo ano de Angústia para o Jantar, esteve proibida pela censura durante muitos anos. Só em 1978 foi pela primeira vez levada à cena, no Teatro Nacional, numa encenação do próprio Sttau Monteiro. (...)"
É a segunda vez que leio uma peça de teatro. No entanto, esta ainda foi mais complicada de ler. A verdade é que as didascálias parecem quebrar o gelo. Para as ler, por vezes tinha de interromper a leitura, o que, para mim, não correu bem. Mas, com elas, tornou-se mais fácil de compreender as emoções ou os gestos de cada personagem, o que também foi um ponto positivo.
A obra divide-se em dois actos que se vão concentrar num só acontecimento: uma possível revolução. O povo português vive na miséria e as classes estão demasiado vincadas nas suas posições; assim, o povo encontra-se "na lama", literalmente por baixo dos pés da nobreza. A luta passa por transformar o reino num sistema de cortes. Inspirados na revolução de Pernambuco, no Brasil, os portugueses queriam liberdade. No entanto, durante a obra, isso nunca chega a acontecer.
O primeiro acto concentra-se no "Será que vai haver revolução? Será que não? Quem é o responsável? Porquê? Quando? Onde?" Muitas dúvidas descaem sobre as personagens e sobre o leitor, o que faz com que o primeiro acto seja um pouco parado. No entanto, o segundo supreendeu-me; concentrado na tristeza de uma mulher que perdeu o marido, assistimos a vários sentimentos - por vezes contraditórios - e a várias acções que não nos deixam "parados no mesmo sítio". Ela faz mesmo tudo por ele, o que se torna muito bonito de se ler. Gostei especialmente do facto de o autor criar uma personagem que nunca aparece mas que, mesmo ausente, se tornou querida para mim.
Concentrada nas necessidades do povo, esta obra foi alvo da censura do Estado Novo; percebe-se perfeitamente o porquê. E, talvez mesmo por isso, ainda dá mais gosto de ler.
Personagens favoritas: Gomes Freire d'Andrade, Matilde, Manuel, Rita.
Nota: 6,5/10 - Agradável
Sara